Morre Kaká di Polly, drag queen que se deitou na Avenida Paulista para a primeira ‘Parada Gay’ acontecer: 'Deixou um gra

Kaká Di Polly em imagem de novembro de 2013 — Foto: Celso Tavares/g1 1 de 3 Kaká Di Polly em imagem de novembro de 2013 — Foto: Celso Tavares/g1

Kaká Di Polly em imagem de novembro de 2013 — Foto: Celso Tavares/g1

Kaká Di Polly, considerada um ícone entre as drag queens e a comunidade LGBTQIA+, morreu na última segunda-feira (23), em São Paulo. A morte foi confirmada pela sobrinha da artista ao 💥️g1 na manhã desta terça-feira (24).

Segundo Adriana Policarpo, Kaká estava internada desde 19 de janeiro em um hospital da capital por conta de uma dor lombar, e teve uma parada cardíaca ao fazer um exame de rotina.

O sepultamento aconteceu ao meio-dia da quarta-feira (25) no Cemitério da Vila Mariana.

Drag Kaka di Polly, em foto publicada no Instagram — Foto: Reprodução Instagram/kakadipolly 2 de 3 Drag Kaka di Polly, em foto publicada no Instagram — Foto: Reprodução Instagram/kakadipolly

Drag Kaka di Polly, em foto publicada no Instagram — Foto: Reprodução Instagram/kakadipolly

Di Polly há algum tempo não frequentava a noite paulistana, mas é reverenciada pelos amigos e fãs como alguém que abriu as portas para muitas gerações que se seguiram às drags dos anos 80 e 90.

Adorava conversar: sua história mais famosa é justamente a de quando se deitou no chão da Avenida Paulista para que a primeira “Parada Gay”, como o evento era então chamado, pudesse transitar pela via. Isso em 1997.

O protesto, segundo ela contou ao 💥️g1 em 2023, foi necessário porque a saída da parada, que começou como um evento muito mais tímido do que o que arrasta centenas de milhares pela capital em junho, estava sendo impedida pela polícia.

Vinte e cinco anos depois, Di Polly fez parte de outro evento que acabou sofrendo com a atuação de autoridades.

Ela foi uma as artistas retratadas no livro “Drags”, do fotógrafo Paulo Vitale, publicado no ano passado e que se desdobrou em uma exposição no Museu da Diversidade.

Mas a mostra acabou adiada por meses porque o local foi interditado devido a uma ação judicial ligada à suspensão do contrato entre o governo do Estado de São Paulo e o Instituto Odeon, responsável pela administração do espaço.

No texto de apresentação do livro de Vitale, o jornalista americano Matthew Shirts, radicado há décadas no Brasil, escreveu sobre importância histórica de Di Polly por sua atuação na primeira Parada. Ele conta que presenciou o ato.

Também na longa conversa com o 💥️g1 em 2023, Kaká Di Polly deixou clara sua admiração por outro ícone da cena drag que tinha acabado de morrer vítima da Covid: Miss Biá, uma das pioneiras no Brasil.

Di Polly contou que costumava ir para a porta da boate Nostro Mondo, na rua da Consolação, em São Paulo, nos anos 70, mas não tinha idade para entrar.

Via, de fora, Biá, Condessa Monica, entre outras estrelas, chegarem. Um dia, conseguiu entrar com aval de uma delas e passou a frequentar os bastidores. Se lembrava de como Condessa Monica era carinhosa e que aprendeu muito com a generosidade de Biá.

Sem medo de dizer o que pensava, Di Polly também vivenciou muitas polêmicas, uma delas ao afirmar que tinha votado em Jair Bolsonaro em 2018: “Votei errado”.

Sabrina Sato lamentou morte de Kaká — Foto: Reprodução/Twitter 3 de 3 Sabrina Sato lamentou morte de Kaká — Foto: Reprodução/Twitter

Sabrina Sato lamentou morte de Kaká — Foto: Reprodução/Twitter

Em 2023, se queixou porque a agora gigante Parada LGBTQIA+ estava dando pouco espaço às veteranas da luta – na ocasião, por causa da pandemia, aconteceu apenas uma edição online do evento, apresentada por youtubers.

O discurso de Di Polly foi engrossado por outros grandes nomes da comunidade em favor da valorização de quem abriu caminho para todas as demais passarem.

Muitas dessas personalidades lamentaram a morte da artista nesta segunda. “Subversiva”, postou a drag queen Tchaka, que dividiu com Di Polly participações na Parada, em programas de TV, bailes e concursos.

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