Gasolina deve impulsionar IPCA de fevereiro, mas é cedo para medir impacto no ano, diz FGV Ibre
Combustíveis, gasolina — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O aumento de 7,47% da gasolina nas refinarias da Petrobras, anunciado nesta manhã pela empresa e que entra em vigor amanhã, deve levar a um acréscimo de 0,05 ponto percentual (p.p.) no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação do país, em janeiro.
O cálculo foi feito pelo economista e analista de inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz. Na prática, o impacto da gasolina mais cara deve ficar mais para inflação de fevereiro, apurada pelo mesmo indicador, detalhou ainda o especialista.
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Para o IPCA de fevereiro, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o acréscimo deve ser de 0,20 p.p., alertou ele. "É um impacto nada desprezível", reconheceu.
Embora tenha considerado a influência da alta da gasolina como expressiva, na inflação do começo de 2023, ele salientou ainda ser cedo afirmar que o reajuste da Petrobras poderia impulsionar inflação do ano. Isso porque o cenário de preços de combustíveis, no país, é muito volátil, e pode ocorrer reduções, no preço do item, ao longo de 2023 - que podem ajudar a puxar para baixo a inflação oficial anual de 2023, ponderou. Pelo Boletim Focus, do Banco Central (BC), a projeção é que o IPCA suba 5,48% esse ano.
Ao justificar suas projeções, o especialista frisou o grande impacto que a gasolina tem, na formação dos indicadores inflacionários de varejo, no país. “A gasolina compromete cerca de 5% do orçamento familiar [mensal]”, afirmou ele, lembrando que esse seria o peso do item no cálculo total do IPCA. “Isso significa que a cada um por cento de aumento [no preço] a gasolina influencia a inflação em 0,05 ponto percentual [no IPCA]”, detalhou.
Além de elevar o IPCA, o técnico também projeta impacto, da alta da gasolina, na evolução dos Índices Gerais de Preços (IGPs), calculados pela FGV e dos quais responsável pelo cálculo. Braz informou que o IPC, sub-indicador que representa inflação do varejo e tem peso de 30% no total dos IGPs, deve passar por mesmo impacto do IPCA. “A gasolina tem mesmo peso no IPC que tem dentro do IPCA”, afirmou ele. Ou seja: o aumento do combustível deve levar a acréscimo de 0,05 p.p. no IPC da FGV de janeiro; e de 0,20 p.p. no IPC de fevereiro.
Ao detalhar o aumento da gasolina autorizado pela Petrobras, Braz lembrou que a alta de 7,47% é no preço nas refinarias. Essa elevação não deve ser levada integralmente nas bombas dos postos de combustível, ressaltou o técnico.
Entretanto, mesmo que a alta não seja de 7,47% nas bombas dos postos, a gasolina mais cara é um impacto forte na inflação, admitiu ele, principalmente na do próximo mês. “Estava no radar [projeções de mercado] possibilidade de reajuste de gasolina. Mas não de quase 7,5%”, comentou ele.
“E lembrando que fevereiro é uma inflação com ‘sazonalidade de alta de preços’. Isso porque teremos também no próximo mês aumento de mensalidades escolares”, lembrou o economista, recordando que esse tipo de serviço sempre aumenta, nesta época do ano, e ajuda a acelerar inflação do varejo, pelo IPCA e pelo IPC.
Mas Braz reiterou, no entanto, ser muito cedo para quantificar quanto desse aumento, anunciado hoje, poderia impactar a inflação oficial medida pelo IPCA no resultado anual de 2023. O técnico ponderou que o setor tem muitas variáveis. Ele comentou sobre desoneração de impostos federais em combustíveis, feita na gestão federal anterior e prorrogada por um ano pelo atual governo, o que ajuda a reduzir preço desse produto junto ao consumidor final.
Mas salientou que preço de combustíveis, no Brasil, também depende de evolução de mercado externo, no caso, da trajetória de uma commodity, a matéria-prima de todos os combustíveis, que é o petróleo – cuja cotação do barril pode oscilar esse ano, tanto para baixo, quanto para cima. “Acho muito arriscado mudar projeção de inflação anual [por conta de alta de gasolina] neste momento”, resumiu.
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