Israel bombardeia Gaza em novo ciclo de violência 'interminável'
Homem segura bandeira da Palestina durante confronto com forças de Israel, em 27 de janeiro de 2023 — Foto: Mohammed Salem/Reuters
Israel bombardeou a Faixa de Gaza nesta sexta-feira (27) em resposta a disparos de foguetes a partir do território palestino.
Na quinta-feira, uma operação israelense deixou vários mortos em uma outra região palestina, a Cisjordânia ocupada.
2 de 2 Fogo e fumaça na cidade de Gaza, em 27 de janeiro de 2023 — Foto: Mahmud Hams / AFPFogo e fumaça na cidade de Gaza, em 27 de janeiro de 2023 — Foto: Mahmud Hams / AFP
A Organização das Nações Unidas (ONU) definiu a nova escalada como parte de um um "ciclo interminável de violência".
O exército israelense informou que efetuou ao menos duas séries de bombardeios aéreos contra áreas do grupo Hamas, após vários lançamentos de foguetes em direção ao sul de Israel.
As explosões atingiram a cidade de Gaza, segundo correspondentes da AFP.
Nenhum dos dois lados registou feridos. A maioria dos foguetes disparados a partir de Gaza foi interceptada pelo sistema de defesa aérea israelense.
O Hamas, que governa a Faixa de Gaza, e a Jihad Islâmica prometeram represálias após a incursão de quinta-feira no campo de refugiados de Jenin, no norte da Cisjordânia, que deixou nove mortos. Foi um dos ataques mais violentos na Cisjordânia em anos.
Ambos os grupos participaram do lançamento de foguetes, disse Khaled el-Batsh, uma autoridade da Jihad Islâmica, que, horas antes, havia afirmado em um comunicado que os projéteis disparados "levam uma mensagem: o inimigo (Israel) deve permanecer alerta, porque o sangue palestino derramado custa caro".
Uma operação israelense no campo de refugiados de Jenin deixou nove mortos e 20 pessoas feridas, informou o Ministério da Saúde da Palestina.
Outro palestino faleceu ao ser atingido por tiros de tropas israelenses em um incidente separado perto de Ramallah, também na Cisjordânia.
Milhares de pessoas protestaram em Gaza na quinta-feira (26), onde foram vistos cartazes com os dizeres: "Jenin, a resposta está chegando e a resistência é nossa estratégia".
A Autoridade Palestina classificou a incursão pela Cisjordânia como um "massacre" e anunciou que não irá mais cooperar com Israel em matéria de segurança.
De acordo com a ONU, não eram registradas tantas mortes em apenas uma operação israelense na Cisjordânia desde o início dos registros das operações em 2005.
O Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos fez um apelo para que se "coloque um fim ao ciclo interminável de violência" e expressou preocupação com o "aumento acentuado de mortes de palestinos em operações israelenses na Cisjordânia ocupada".
A Casa Branca está "profundamente preocupada" com a "escalada de violência", afirmou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, acrescentando que Washington encoraja "todas as partes envolvidas" a procurar "desarmar a crise com urgência".
O Departamento de Estado americano anunciou que o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, viajará na próxima semana a Israel e Cisjordânia para "reduzir as tensões".
O governo dos Emirados Árabes Unidos, que normalizou as relações com Israel em 2023, condenou "o ataque das forças israelenses" e pediu uma reunião "urgente" do Conselho de Segurança da ONU.
Desde o início do ano, até 30 palestinos, civis ou membros de grupos armados, morreram em incidentes de violência envolvendo as forças de segurança e também cidadãos civis de Israel.
Um porta-voz militar israelense disse que o Exército realizou "uma operação antiterrorista" contra a organização armada Jihad Islâmica, envolvida em vários ataques contra Israel.
Antes de se retirar, as forças israelenses "jogaram deliberadamente granadas de gás lacrimogêneo" na ala pediátrica de um hospital de Jenin, "o que provocou a asfixia de algumas crianças", denunciou a ministra da Saúde palestina, Mai Al Kaila.
"Ninguém disparou gás lacrimogêneo deliberadamente contra um hospital [...], mas a operação ocorreu não muito longe de um hospital e é possível que o gás lacrimogêneo tenha entrado por uma janela aberta", disse um porta-voz do Exército israelense à AFP.
Uma das vítimas de quinta-feira se chamava Majeda Obeid, uma mulher de 61 anos, e sua filha contou como ela faleceu durante a operação militar israelense.
"Quando ela terminou de rezar, olhou pela janela por um momento e, então, foi atingida por uma bala no pescoço. Seu corpo tombou contra a parede e depois caiu sobre o chão", disse Kefiyat Obeid, de 26 anos.
O acampamento de Jenin, criado em 1953, é como uma cidade dentro da cidade e abriga cerca de 20 mil refugiados, segundo a UNRWA, agência da ONU encarregada dos refugiados palestinos
"O Exército israelense destrói tudo e atira em tudo que se move", disse o vice-governador de Jenin, Kamal Abu Al Rub.
"O que está acontecendo em Jenin e em seu campo é um massacre perpetrado pelo governo de ocupação israelense", disse Nabil Abu Rudeina, porta-voz do presidente da Autoridade Palestina.
O secretário-geral da Liga Árabe denunciou um "massacre sangrento" perpetrado "sob as ordens diretas de [o primeiro-ministro israelense Benjamin] Netanyahu", que retornou ao comando do governo de Israel no fim do ano passado.
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