Haddad: 'Congresso deve voltar a abraçar Reforma Tributária'
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou medidas para reduzir o rombo nas contas públicas — Foto: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta segunda (30) que uma nova regra fiscal e a reforma tributária são prioridades da gestão e que o congresso "deve voltar a abraçar o tema" assim que passarem as eleições das mesas diretoras nas casas.
"Ouvimos isso dos 27 governadores. Todos já se manifestaram formalmente a favor da votação da Reforma. Teremos resposta assim que o Congresso voltar a abraçar o tema", declarou Haddad durante reunião da diretoria da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
De acordo com o ministro, a reforma só não foi votada no ano passado "por causa da insistência" com a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). "Isso acabou gerando obstáculos para a aprovação da reforma, que ainda precisa de cuidados em função de algumas suscetibilidades setoriais", completou.
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Haddad ainda foi cobrado pelo presidente da Fiesp, Josué Gomes, pela redução dos tributos sobre a indústria, especialmente de transformação. Segundo Gomes, há 40 anos a indústria perde força na participação na economia brasileira e o peso dos tributos é um dos motivos para a desaceleração.
Apesar da cobrança, Haddad disse que uma nova proposta de regra fiscal ainda é a prioridade da equipe econômica. Segundo o ministro, há pressão e até "terrorismo" sobre a agenda fiscal, que a colocam como uma questão a ser resolvida com urgência.
"Precisamos sair dessa agenda de curtíssimo prazo, tentar nos livrar um pouco dos movimentos táticos que são necessários e ir para uma visão estratégica de desenvolvimento que o Brasil não vê há muito tempo", disse.
O ministro citou também as cobranças gerais sobre o governo neste primeiro mês. "É natural que as pessoas tenham questões a serem colocadas e querem respostas prontas pra tudo. Mas nesses 30 dias [de governo] tivemos que dar conta de todos os problemas herdados do passado recente e longínquo", afirmou.
Sobre qual deve ser o novo arcabouço fiscal proposto pelo governo, Haddad afirmou que não quer se antecipar, uma vez que informações internacionais ainda estão sendo colhidas.
"Temos que discutir com o governo, não só dentro da Fazenda, porque a decisão também impactará outros ministérios. Se eu antecipar essa discussão, prejudico esse protocolo. Mas todos os nossos interlocutores reconhecem que havia necessidade de substituir a regra em vigor", disse.
Durante o evento, Haddad também foi cobrado por um barateamento do crédito no país e reforçou a agenda do Banco Central sobre o Pix, sistema de pagamentos instantâneos.
Haddad ainda citou que há 70 milhões de CPFs negativados no país e afirmou que, para que esse problema seja endereçado, "o sistema bancário e as empresas credoras também precisam ter sensibilidade para ajudar o desenvolvimento do país".
"Claro que temos a Selic [taxa básica de juros] que é uma trava para todo nós para diminuir o spread e melhorar o sistema de garantias. Mas sabemos o potencial [do Brasil] e vamos abraçar a agenda de crédito", destacou Haddad, citando o aumento da concorrência bancária como um dos fatores que têm caminhado no país.
O ministro também foi questionado sobre o investimento, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em obras de infraestrutura feitas em outros países e afirmou que, em sua opinião, há ainda "muitas obras a serem feitas" no ambiente doméstico e as parcerias público-privadas são um meio que deve ser utilizado para viabilizá-las.
Para ele, o investimento em projetos fora do país não anula o investimento nos projetos nacionais e que os projetos são escolhidos de maneira estratégica para o Brasil.
Já quando questionado sobre os próximos nomes a serem indicados para a diretoria do Banco Central, Haddad afirmou que já é um tema que está em discussão com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, reforçando que é algo que precisa ser tratado com "muita naturalidade".
"São pessoas que têm que ter um perfil muito próprio. E o que nós temos que fazer é levar bons nomes para o presidente decidir. São dois cargos de grande importância e [os nomes a serem indicados] podem ser do setor privado ou público", acrescentou o ministro.
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