Papa Francisco celebra missa na República Democrática do Congo e fala de 'colonialismo econômico'
Fiéis nos arredores do aeroporto de Ndolo, onde o papa Francisco fez uma missa diante de cerca de um milhão de pessoas. — Foto: AFP - ARSENE MPIANA
O papa Francisco celebrou nesta quarta-feira (1º) uma missa gigante no aeroporto de Ndolo, diante de uma multidão de mais de um milhão de fiéis, de acordo com as autoridades congolesas. O papa chegou na República Democrática do Congo (RDC) nesta terça-feira (31) e usou palavras duras para denunciar o que chamou de "colonialismo econômico". O sumo pontífice criticou a exploração dos recursos do país, enquanto a população sofre.
A missa foi realizada na manhã de quarta-feira, ao ar livre, em um altar construído no aeroporto de Ndolo, na capital do país, Kinshasa. De acordo com autoridades congolesas, mais de um milhão de pessoas assistiram à celebração.
Ao chegar ao país, o papa Francisco percorreu as pistas do aeroporto saudando a multidão, acompanhado pelo cardeal Fridolin Ambongo, arcebispo de Kinshasa, a bordo do papa-móvel. Em seu sermão, o sumo pontífice convidou os fiéis a "encontrar a força de se perdoar, de perdoamos os outros e a história", uma mensagem de paz esperada pelos congoleses.
Um coral de 700 vozes, cantando músicas religiosas e rumba congolesa, recebia as pessoas na missa. O aeroporto de Ndolo foi decorado como uma imensa catedral a céu aberto para receber os fiéis.
Uma vigília foi organizada na véspera com orações e cânticos. O governo decretou uma manhã de feriado nesta quarta-feira e as escolas permanecerão fechadas todo o dia. Milhares de policiais, militares e membros da guarda republicana foram mobilizados em todo o percurso do papa e no aeroporto.
Algumas pessoas chegaram na terça-feira para tentar ver o papa. Muitos fiéis tinham bandeiras, camisetas e mesmo vestidos com a imagem do papa. Alguns estavam sem comer, mas disseram que valia a pena a espera pela bênção do pontífice.
2 de 2 O Papa Francisco no papa-móvel, no aeroporto de Ndolo, em Kinshasa, na República Democrática do Congo, em 1º de fevereiro de 2023. — Foto: REUTERS - YARA NARDIO Papa Francisco no papa-móvel, no aeroporto de Ndolo, em Kinshasa, na República Democrática do Congo, em 1º de fevereiro de 2023. — Foto: REUTERS - YARA NARDI
Em seu primeiro discurso, na terça-feira, Francisco pediu que parem de sufocar a África e de explorá-la.
Os fiéis esperavam do papa uma mensagem de paz e reconforto dirigida aos mais pobres e às populações que sofrem com o conflito no leste do país, com novos ataques em Ituri, no Quivu do Norte e no do Sul. Eles querem que o papa peça a reconciliação aos governos e aos grupos armados que atuam na região. Além disso, neste ano eleitoral, a população espera uma mensagem para que o voto decorra sem problemas.
A RDC tem 110 milhões de habitantes, 40% católicos, fazendo dele o maior país em número de pessoas dessa confissão na África, apesar do aumento de igrejas evangélicas.
Também é um país rico em biodiversidade e em minerais, principalmente no leste. Estes recursos despertam interesse de vários grupos armados, com tensões que aumentaram nos últimos dias. Há um ano, o M23, acusado de ser apoiado por Ruanda, realiza ofensivas na região.
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