Exposição traz reflexão sobre história do Xingu, 1º território indígena demarcado no Brasil

Não se trata de estranheza diante das modernidades do mundo. A relação entre eles, indígenas, e a câmera é de pertencimento. É o que garante o cineasta Takumã Kuikuro, curador da exposição “Xingu: Contatos”, montada no IMS Paulista, na capital.

"Nós mesmos realmente produzimos, nós mesmos filmamos, nós mesmos editamos e nós mesmos estamos produzindo cada vez mais, dominando a língua portuguesa, tecnologia dentro das nossas aldeias. Porque é importante a gente mostrar isso pra sociedade branca que não conhece nossa história", afirma.

Filmes, fotografias, registros da imprensa. A exposição reúne cerca de 200 itens que retratam a imagem do Xingu, primeiro grande território indígena demarcado no Brasil. A proposta é estabelecer um contato entre a história que sempre foi narrada pelos homens brancos e a produção contemporânea indígena. Esta última, aliás, serve para comunicar a perspectiva dos povos originários-- e apontar a contradição e a violência com que sempre foram representados.

"A história que a maior parte do Brasil não indígena conhece sobre o Xingu e sobre os povos indígenas é muito limitada porque é um olhar muito demarcado pelo olhar dos brancos. E importante conhecer o ponto de vista dos próprios povos indígenas sobre a sua história", diz Guilherme Freitas, também curador da exposição.

Hoje, o Xingu é considerado um polo da produção audiovisual indígena no Brasil. Os filmes abordam temas como a preservação da memória, a valorização das culturas, a luta por direitos e a defesa do meio ambiente.

"Nesse momento, nessa exposição, estamos contando onde nossas terras estão sendo invadidas. Agronegócio cada vez mais dentro das nossas terras, o rio está sendo poluído, os peixes estão sendo poluídos, inclusive está acontecendo agora com o povo yanomami, porque eles não têm rio pra beber. Não tem mais mato onde podem procurar seus alimentos. Por isso, a gente está aqui realmente pra contar essa história através do audiovisual", finaliza Takumã Kuikuro.

https://ims.com.br/exposicao/xingu-contatos_ims-paulista

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