Tensão entre China e EUA: por que a destruição do balão chinês agrava ainda mais a crise diplomática entre os países
Um balão misterioso da China apareceu no céu dos EUA e acabou derrubado no mar pelos americanos.
EUA alegaram tratar-se de um objeto de espionagem; China afirmou que o balão era um instrumento meteorológico.
Especialistas ouvidos pelo g1 divergem sobre a possibilidade de o balão ter sido usado para espionagem, mas concordam que o caso eleva a crise entre as duas maiores potências mundiais.
Para Elias Khalil Jabbour, da UERJ, os EUA usaram o balão para fazer uma provocação, numa jogada de Biden.
Tanguy Baghdadi, criador do podcast Petit Journal, acredita que o balão pode ter sido usado pela China para saber, por exemplo, qual o tempo de reação dos EUA e quem comanda o abatimento.
De um lado, os Estados Unidos alegam que o balão misterioso que apareceu nos céus do estado americano de Montana na última quinta-feira (2) tratava-se de um objeto chinês de espionagem. De outro, a China informa que o balão nada mais era que um instrumento meteorológico que desviou da sua rota e viajou até o território americano.
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O vai e vem de declarações e acusações é mais um ponto de estresse de uma relação muito desgastada entre as duas maiores potências do mundo. E a derrubada do balão no mar no último sábado (4) pelos Estados Unidos, na costa dos estados da Carolina do Norte e do Sul, gerou insatisfação da China.
E para entender mais este capítulo de crise diplomática entre os Estados Unidos e a China, o 💥️g1 conversou com 💥️Elias Khalil Jabbour, professor da faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e com💥️ Tanguy Baghdadi, criador do podcast Petit Journal.
Para ele, os americanos nada mais querem que dialogar com o seu público interno e reforçar, ainda mais, a ideia "de que existe uma ameaça à hegemonia americana". Jabbour, além de achar uma piada a possibilidade de o balão ser um objeto de espionagem, acredita que a acusação faça parte de uma jogada do presidente dos Estados Unidos Joe Biden.
"Hoje, a China é cercada por 80 bases militares americanas", comenta Jabbour. Com isso, diz o professor, "existe uma força desproporcional empregada pelos Estados Unidos nesse processo que passa essa imagem de que a China é uma ameaça ao mundo".
Por outro lado, Tanguy Baghdadi discorda: "Meu palpite é que, sim, tenha algum elemento de coleta de informações". Na opinião dele, ao lançar um balão, a China consegue obter uma série de informações, como, por exemplo:
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1 de 2 Imagem feita do solo mostra a parte de baixo do balão chinês durante atividade de caça americano para destruir o objeto — Foto: Chad Fish via AP
Imagem feita do solo mostra a parte de baixo do balão chinês durante atividade de caça americano para destruir o objeto — Foto: Chad Fish via AP
Ainda que se trate de um episódio isolado e quase "cotidiano" da relação entre os dois países, tanto Elias Khalil Jabbour quanto Tanguy Baghdadi explicam que o aparecimento (e o abatimento) do balão chinês eleva, ainda mais, a crise diplomática entre Estados Unidos e China.
"Qualquer coisa que aconteça fora de qualquer padrão nesse momento agravaria as relações. Então, se fosse um drone americano para fins de diversão no mar do sul da China, também teria um problema", pontua Jabbour.
Ao voltar na história recente, Baghdadi lembra que não é a primeira vez que o governo americano acusa a China de espionagem. Em 2023, por exemplo, dois diplomatas chineses foram expulsos dos EUA por suspeita de espionagem.
Além disso, é importante lembrar, destaca Tanguy Baghdadi, que se trata das duas maiores potências do mundo, que são também os maiores parceiros comerciais e que, com isso, dependem muito um do outro.
"Eu acho que, às vezes, a gente fica esperando grandes acontecimentos. Esse nível de tensão entre Estados Unidos e China vai ter outros capítulos, mas isso faz parte do cotidiano da relação", resume Tanguy.
2 de 2 O líder chinês Xi Jinping e Joe Biden durante encontro do G20 — Foto: Saul Loeb/AFP/Getty ImagesO líder chinês Xi Jinping e Joe Biden durante encontro do G20 — Foto: Saul Loeb/AFP/Getty Images
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