Haddad diz que ata divulgada pelo Copom é 'mais amigável' com o governo
Declaração marca mais um capítulo entre as tensões que envolvem o governo federal e o Banco Central.
Na segunda-feira (6), Lula criticou a manutenção da taxa de juros em 13,75% pelo Banco Central.
Após a fala do presidente, Haddad defendeu uma harmonia entre as políticas fiscal e monetária.
Já nesta terça-feira (7), Haddad afirmou que a ata do BC é "mais amigável em relação aos próximos passos que precisam ser tomados".
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (7) que a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada mais cedo pelo Banco Central, foi mais "analítica" e "amigável".
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"Veio melhor que o comunicado [do Copom, divulgado na semana passada]. Mais extensa, analítica, colocando pontos importantes sobre o trabalho do Ministério da Fazenda. É uma ata mais amigável em relação aos próximos passos que precisam ser tomados", disse Haddad.
Nesta segunda-feira (6), Haddad chegou a reclamar do Copom, avaliando que a instituição poderia ter sido "um pouco mais generosa" com o governo, em suas avaliações, diante das medidas anunciadas em janeiro para melhorar as contas públicas.
Esse é mais um capítulo no ambiente de tensões existente entre o governo federal, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o Banco Central autônomo, chefiado por Roberto Campos Neto — indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e com mandato fixo até o fim de 2024.
O alto patamar da taxa de juros, o maior do mundo, tem sido criticado reiteradamente por Lula.
"É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles deram para a sociedade brasileira", disse ele nesta segunda.
Na ata do Copom, o BC avaliou que a execução do pacote fiscal do ministro Haddad, anunciado em janeiro, com foco principalmente na alta da arrecadação, "atenuaria os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação".
Apesar de uma referência mais clara ao pacote para as contas públicas, o BC observou que "será importante acompanhar os desafios na sua implementação" pelo governo. As medidas ainda precisam ser confirmadas pelo Congresso Nacional.
Em uma rede social nesta terça-feira, Lula afirmou ser favorável à responsabilidade fiscal, mas que a responsabilidade social é a "mais importante".
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Na entrevista concedida nesta terça-feira, o ministro Fernando Haddad voltou a defender uma maior coordenação entre a política fiscal (relativa aos gastos e contas públicas, de responsabilidade do governo federal) e a chamada política monetária — executada pelo Banco Central, por meio da taxa de juros, para conter a inflação.
Questionado por jornalistas se, dentro dessa lógica, o Ministério da Fazenda poderia adotar novas medidas e, assim, ajudar o Banco Central a baixar a taxa de juros — atualmente em 13,75% ao ano, maior nível em seis anos —, Haddad declarou que "sempre vão ter medidas".
"Em fevereiro vamos submeter ao presidente Lula uma boa reforma de instrumentos de crédito para melhorar o ambiente de crédito", declarou.
Sobre o corte de gastos públicos, o ministro da Fazenda disse que o governo está "fazendo a lição de casa". As medidas de contenção de despesas anunciadas no pacote fiscal foram consideradas tímidas por analistas do mercado financeiro.
"Para isso que vamos ter um novo arcabouço fiscal, vai sair em abril, pois temos a LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias], que exige uma compatibilidade com o novo arcabouço fiscal", acrescentou Haddad.
Uma nova regra para as contas públicas pode ser enviada por meio de projeto de lei.
Sobre a possibilidade de mudança na meta de inflação, conforme indicação do presidente Lula, Haddad não negou que esse tema possa ser discutido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em seu próximo encontro.
O CMN, responsável por fixar e revisar as metas de inflação, é formado por Haddad, pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, e pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto.
"A reunião da semana que vem [do CMN] ainda não está com a pauta definida. Hoje eu tive uma primeira conversa com a ministra do Planejamento, e isso vai ser discutido com o governo para adotar os próximos passos", declarou Haddad a jornalistas.
Depois da fala do presidente Lula sobre a possível mudança das metas, as estimativas do mercado para a inflação deste ano e de 2024 começaram a subir com mais intensidade e continuaram piorando nas últimas semanas.
Para definir o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central pode reduzir o juro básico da economia.
Neste momento, o BC já está ajustando a taxa Selic para tentar atingir a meta de inflação dos próximos anos, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia.
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