Busto da líder quilombola Maria Conga é vandalizado com pichação nazista em Magé
O busto que homenageia a líder quilombola Maria Conga foi pichado com uma suástica nazista no Píer da Piedade, em Magé, na Baixada Fluminense. A estátua amanheceu com a placa arrancada nesta segunda-feira (6). O ataque revoltou os moradores, ativistas e integrantes de quilombos.
“Encontraram o monumento marcado com marcas nazistas. Isso assusta muito a gente, porque quando é um ato racista nazista e ... dentro da comunidade, de alguma forma foi um monumento, mas quando isso pode chegar nas pessoas em carne e osso?” questiona a pesquisadora da IDMJR- Iniciativa de Direito à Memória e Justiça Racial, Patrícia dos Santos.
1 de 3 Busto de Maria Congo é pichado com símbolos nazistas em Magé — Foto: Reprodução/TV GloboBusto de Maria Congo é pichado com símbolos nazistas em Magé — Foto: Reprodução/TV Globo
“A gente precisa falar de resistência. Tem a questão de o píer ser onde desembarcavam os escravos, tem um significado histórico do busto estar aqui. A palavra é resistência”, reforça a historiadora Andreza Lima.
A prefeitura de Magé afirma que vai instalar câmeras onde o monumento fica e registrar o caso na polícia. A estátua será restaurada.
Maria Conga foi uma princesa, filha do Rei de Congo, no século XVIII. Antes de completar dez anos, ela foi levada à força de sua terra natal junto com a família para ser escravizada na Bahia. Em Salvador, eles foram separados e vendidos.
Ela só conquistou a alforria aos 35 anos. Foi assim que ela se tornou líder quilombola. O espaço que ela utilizava para acolher pessoas escravizadas que conseguiam fugir de seus cativeiros existe até hoje em Magé. Maria Conga se tornou referência na luta por liberdade do povo preto e é considerada sagrada.
Na Umbanda, ela é cultuada em forma de preta velha, conhecida como Vovó Maria Conga.
“Ela representa toda uma ancestralidade, um trabalho de caridade voltado para quem é pobre e oprimido. Trabalho de resistência, de fé, de evolução espiritual. É isso que ela representa pra gente dentro dos terreiros de umbanda”, explica o babalaô de umbanda Heder Guedes.
2 de 3 Maria Conga já foi homenageada em carnaval de 2023 — Foto: Reprodução/TV GloboMaria Conga já foi homenageada em carnaval de 2023 — Foto: Reprodução/TV Globo
A importância e representatividade de Maria Conga são tamanhas que, em 2023, sua história foi contada no Carnaval da Marquês de Sapucaí, pela Acadêmicos da Rocinha.
3 de 3 Mural de mulheres pretas foi vandalizado em Duque de Caxias em 2023 — Foto: Reprodução/TV Globo
Mural de mulheres pretas foi vandalizado em Duque de Caxias em 2023 — Foto: Reprodução/TV Globo
Esse não é o primeiro caso de ataque a um memorial que homenageia a resistência preta. Em 2023, o painel “Nossos passos vêm de longe”, que exalta a luta de mulheres históricas, foi pichado em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
“A gente vem sofrendo desde sempre, não é um agora, um ato. Tudo contribuir, mas e aí? Até quando a gente vai passar por esses processos?”, questiona a coordenadora municipal de Promoção de Políticas Públicas de Igualdade, Iasmine Alfradique.
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