Pacheco diz que autonomia do Banco Central é 'avanço' e defende Campos Neto: 'Preparado'
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), avaliou nesta quarta-feira (8) como um "avanço" a autonomia do Banco Central (BC).
"Considero que é um avanço, é uma autonomia que afasta critérios políticos de algo que tem um aspecto técnico muito forte que é o Banco Central. Vamos buscar cuidar das questões do país e enfrentar os problemas dentro dessa realidade que existe, dessa autonomia do Banco Central, e buscar criar as pontes necessárias entre as pessoas envolvidas para que a gente possa ter um propósito comum bem-sucedido", afirmou o senador.
Ele disse ainda que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, é um "homem preparado" e de "muito bom trato".
A declaração veio depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas contra a atuação do Banco Central em uma entrevista na terça-feira (7).
Para Lula, o país terá dificuldades de crescer com a atual taxa básica de juros, mantida em 13,75% pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do BC.
"Não é possível que a gente queira que este país volta a crescer com taxa de 13,75%. Nós não temos inflação de demanda. É só isso. É isso que eu acho que esse cidadão [Campos Neto], indicado pelo Senado, tenha possibilidade de maturar, de pensar e de saber como vai cuidar deste país. Ele tem muita responsabilidade", afirmou o presidente da República na entrevista.
Rodrigo Pacheco minimizou esse impasse entre Lula e Campos Neto e também teceu elogios ao presidente da República:
"Presidente Lula está muito determinado a enfrentar problema de fome, de miséria, de conferir estabilidade ao Brasil".
"Então, são todos homens de boa intenção. E quando homens de boa intenção se reúnem, os problemas se resolvem", concluiu Pacheco.
O líder da maior bancada no Senado e partido de Pacheco, o PSD, senador Otto Alencar (BA), também amenizou a situação. Afirmou que Campos Neto deve se dispor a debater o tema com senadores em audiência pública, sem necessidade de ser convocado. Otto elogiou Campos Neto.
Na Câmara, o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), acompanhado dos deputados Zeca Dirceu (PT-PR) e Guilherme Boulos (Psol-SP), apontaram nesta quarta que vão apresentar um pedido de convite para que Campos Neto esclareça aos parlamentares as medidas tomadas.
"Para mim, ele vai ter que explicar o inexplicável. Eles tomaram muitas medidas nos anos anteriores que levaram o país à fome, miséria, desemprego, salários achatados, juros nas alturas. Isso não é responsabilidade só do Bolsonaro, do Paulo Guedes. O Banco Central tem um papel muito relevante", declarou Zeca Dirceu.
Campos Neto foi indicado para o cargo ainda no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Também na gestão anterior, em 2023, o Congresso aprovou a autonomia do BC, que desvincula o mandato de presidente do banco ao do presidente da República. Dessa forma, Lula não pode mexer no comando do BC.
Para Lula, a taxa básica de juros da economia, a Selic, poderia ter sido baixada para incentivar o crescimento econômico e a geração de empregos.
O BC, por outro lado, argumentou que manter a taxa no atual patamar é uma medida necessária para evitar uma disparada da inflação.
Lula sugeriu, inclusive, que o Senado teria o poder de tirar Campos Neto do comando da instituição. Contudo, a Casa só confirma uma eventual exoneração.
Pela lei, se um presidente do BC apresentar desempenho insuficiente no posto, o Conselho Monetário Nacional deve solicitar ao Planalto seu afastamento. Somente após essa etapa, a Presidência encaminha a demissão para análise do Senado.
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