O que esperar da conversa entre Lula e Biden

O presidente Lula e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, têm uma reunião na tarde desta sexta-feira (10) na Casa Branca, residência oficial do governo norte-americano.

O encontro marca uma reaproximação entre as duas maiores democracias das Américas e é repleto de simbolismos.

Lula e Biden passaram por situações parecidas ao se elegerem. Lá, houve o ataque ao Capitólio, o Congresso norte-americano, em 6 de janeiro de 2023, duas semanas antes de Biden tomar posse. Aliados do ex-presidente Donald Trump queriam tumultuar a sucessão.

Aqui, no 8 de janeiro deste ano, uma semana após a posse de Lula, golpistas depredaram as sedes dos três poderes da República.

A defesa da democracia será um dos principais temas da conversa entre os dois presidentes. Nesse ponto, Lula e Biden não só têm convergência como também percebem que podem liderar um movimento global contra a extrema-direita não democrática.

A viagem de Lula aos EUA, por sinal, foi definida durante ligação telefônica que Biden fez para o presidente brasileiro no dia 9 de janeiro, quando manifestou indignação com o ataque à Praça dos Três Poderes.

Outra área em que Lula e Biden têm vários pontos de concordância e querem trabalhar juntos é o meio ambiente.

A preservação da Amazônia é uma bandeira tanto do presidente norte-americano quanto do brasileiro.

Biden quer levar o Brasil de volta às mesas internacionais de negociação sobre desenvolvimento sustentável e combate ao aquecimento global. E é do interesse de Lula tornar o país protagonista na discussão ambiental.

Além disso, Lula quer atrair os Estados Unidos para o Fundo Amazônia, que já conta com recursos de países europeus. A discussão sobre a Amazônia vai abordar também meios de conter a extração ilegal de recursos minerais e o avanço da estrutura do narcotráfico na floresta.

Lula e Biden também devem conversar sobre ações para promover a igualdade racial e combate ao racismo.

Os dois países sofrem com violência racial e episódios de intolerância, inclusive por parte de agentes do Estado.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, está na comitiva do governo brasileiro nos Estados Unidos.

Os Estados Unidos já são um dos principais parceiros comerciais do Brasil. Mas os dois presidentes querem reaquecer essa relação, que esfriou nos últimos anos. Biden e o ex-presidente Jair Bolsonaro não tinham um bom diálogo, já que Bolsonaro é apoiador declarado de Trump.

Ao estreitar laços comerciais com o Brasil, os Estados Unidos também buscam fazer frente à China, que tem cada vez mais ganhado espaço nas parcerias com os países latino-americanos.

Há também a previsão de que eles tratem de temas globais, e é aí que podem surgir algumas saias-justas entre os presidentes.

Venezuela é sempre um tópico que aparece em reuniões desse tipo. O governo norte-americano é contrário ao regime de Nicolás Maduro, que considera ditatorial. Mas Lula e o PT suavizam críticas em relação ao país vizinho. Nos últimos meses, os EUA ensaiaram comprar petróleo venezuelano, o que mostra que permanece aceso o interesse no país.

Uma das maiores questões atuais na política internacional é a guerra da Ucrânia. Também aí Lula e Biden têm algumas diferenças.

O norte-americano, desde o primeiro momento da invasão russa à Ucrânia, se colocou contra a iniciativa de Moscou e liderou a imposição de sanções comerciais à Rússia.

O Brasil, apesar de ter se posicionado contra a invasão em deliberações na ONU, não faz declarações incisivas condenando a invasão russa. Postura tanto do governo anterior como da gestão Lula. Além disso, o Brasil não tem enviado equipamentos de guerra para ajudar a Ucrânia, contrariando o movimento que nações ocidentais têm feito.

Por fim, a China também será um assunto. Lula gostaria de ver os chineses colaborando para a paz entre Rússia e Ucrânia e quer trazer Pequim para o diálogo.

Biden, por sua vez, vive novo momento de tensão com a China, após os Estados Unidos abaterem nos céus de seu país um balão chinês que, segundo os EUA, servia para fazer espionagem.

Após a reunião, os dois presidentes devem fazer uma declaração conjunta, que vai buscar reunir todos os pontos de convergência. Isso não será difícil nos temas em que Biden e Lula têm grande afinidade. Mas, mesmo nos temas em que possuem alguma discordância, tentarão destacar pontos de harmonia.

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