Presidente da Nicarágua despacha 222 presos políticos para o exílio e retira a cidadania deles

Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, em discurso exibido na televisão no dia 9 de fevereiro de 2023 — Foto: CANAL 6 NICARAGUA / AFP 1 de 6 Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, em discurso exibido na televisão no dia 9 de fevereiro de 2023 — Foto: CANAL 6 NICARAGUA / AFP

Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, em discurso exibido na televisão no dia 9 de fevereiro de 2023 — Foto: CANAL 6 NICARAGUA / AFP

O regime de Daniel Ortega despachou 222 presos políticos diretamente das prisões para o exílio nos Estados Unidos e ainda 💥️aprovou a reforma de um artigo na Constituição para tirar deles a nacionalidade nicaraguense e 💥️torná-los apátridas.

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Entre os exilados, estavam os sete candidatos que tentaram desafiar o ditador na eleição de 2023 e foram encarcerados. 💥Sem adversários, ele assegurou o quarto mandato consecutivo.

Considerados traidores da pátria pela ditadura, os presos💥️ chegaram num voo fretado a Washington, onde receberam💥️ asilo por dois anos. 💥️Relataram o inferno de maus-tratos, isolados em condições deploráveis nas prisões de segurança máxima.

Foram para o exílio, porém em liberdade, conforme resumiu o escritor Sergio Rodriguez, ex-vice-presidente da Nicarágua, que também está exilado.

Civil escreve mensagem de protesto contra o governo de Daniel Ortega, na Nicarágua — Foto: Inti OCON / AFP 2 de 6 Civil escreve mensagem de protesto contra o governo de Daniel Ortega, na Nicarágua — Foto: Inti OCON / AFP

Civil escreve mensagem de protesto contra o governo de Daniel Ortega, na Nicarágua — Foto: Inti OCON / AFP

💥️A suspensão dos direitos de cidadania é proibida pela Constituição da Nicarágua: “Nenhum cidadão pode ser privado de sua nacionalidade”, diz a Carta. No regime de Ortega, contudo, a retirada desses direitos será incorporada como a “morte civil” do cidadão que não se enquadra aos seus desígnios.

Felix Maradiaga é recebido pela filha em prantos e a mulher após deixar a prisão na Nicarágua — Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP 3 de 6 Felix Maradiaga é recebido pela filha em prantos e a mulher após deixar a prisão na Nicarágua — Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP

Felix Maradiaga é recebido pela filha em prantos e a mulher após deixar a prisão na Nicarágua — Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP

A nova condição de apátridas e a suspensão dos direitos políticos não desanimou os dissidentes que desembarcaram em Washington. 💥️“Serei nicaraguense até o dia da minha morte”, protestou o ativista Felix Maradiaga, de 46 anos, dirigente da Unidade Nacional Azul e Branco, acusado pela ditadura de ser um dos líderes dos protestos de abril de 2018.

Bastante magro e recebido no exílio pela mulher Berta e a filha Alejandra, de 9 anos, Maradiaga contou que todos foram retirados de suas celas, durante a madrugada, e colocados em ônibus, sem saber o destino. 💥️Imaginaram que estavam sendo transferidos para uma penitenciária perto do aeroporto.

Somente na porta do avião, foram surpreendidos com a viagem e tiveram que assinar um documento no qual declaravam estar deixando o país voluntariamente. Na aeronave, reencontraram outros dissidentes presos. “Foi um momento de forte emoção. Cantamos o hino nacional várias vezes ao sobrevoar o território nacional”, relatou Maradiaga.

Cristiana Chamorro, ex-candidata a presidência da Nicarágua, ao lado de seu irmão e ex-deputado Pedro Joaquin Chamorro (centro) e o gerente da La Prensa — Foto: LA PRENSA / AFP 4 de 6 Cristiana Chamorro, ex-candidata a presidência da Nicarágua, ao lado de seu irmão e ex-deputado Pedro Joaquin Chamorro (centro) e o gerente da La Prensa — Foto: LA PRENSA / AFP

Cristiana Chamorro, ex-candidata a presidência da Nicarágua, ao lado de seu irmão e ex-deputado Pedro Joaquin Chamorro (centro) e o gerente da La Prensa — Foto: LA PRENSA / AFP

Preso há 20 meses, o empresário Juan Sebastián Chamorro, que se candidatou à Presidência, considerou a libertação um milagre e agradeceu aos EUA por acolher os prisioneiros. “É uma sensação agridoce, a de desfrutar a liberdade, apesar de estar sendo expulso de nosso país.”

A libertação do grupo de 220 presos políticos sinaliza o início do degelo nas relações entre EUA e a Nicarágua, mas as circunstâncias das negociações ainda são nebulosas.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, apenas elogiou a iniciativa, que destacou como unilateral, como um passo construtivo para enfrentar os abusos contra os direitos humanos no país centro-americano.

Antony Blinken, secretário de estado dos Estados Unidos, durante discurso — Foto: Leah Millis/REUTERS 5 de 6 Antony Blinken, secretário de estado dos Estados Unidos, durante discurso — Foto: Leah Millis/REUTERS

Antony Blinken, secretário de estado dos Estados Unidos, durante discurso — Foto: Leah Millis/REUTERS

Ortega, por sua vez, fez questão de ressaltar que 💥️não houve qualquer negociação com o governo norte-americano: sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo, foi à embaixada americana em Manágua e solicitou a expulsão dos presos, sem propor alívio nas sanções ou qualquer tipo de toma-lá-dá-cá.

Ex-guerrilheiro e líder da Revolução Sandinista, que em 1979 derrotou o regime Somoza, Ortega se transmutou em ditador com o passar dos anos, perseguindo e encarcerando companheiros que viraram desafetos.

Entre eles, Dora Téllez, de 67 anos, que era a segunda na hierarquia militar da guerrilha. Ela foi ministra da Saúde, mas em 1995 rompeu com a Frente Sandinista. Téllez cumpria oito anos de prisão, estava isolada em uma cela escura e perdeu 15 quilos.

Ex-comandante de guerrilha sandinista, Dona Maria Tellez, em foto de 2008 — Foto: MIGUEL ALVAREZ / AFP 6 de 6 Ex-comandante de guerrilha sandinista, Dona Maria Tellez, em foto de 2008 — Foto: MIGUEL ALVAREZ / AFP

Ex-comandante de guerrilha sandinista, Dona Maria Tellez, em foto de 2008 — Foto: MIGUEL ALVAREZ / AFP

Dois filhos da ex-presidente Violeta Barrios também estavam no voo dos exilados: a jornalista Cristiana Chamorro, que se dispôs a desafiar Ortega em 2023 e foi acusada de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, entre outros crimes; e Pedro Joaquim Chamorro, condenado há nove anos.

Um dos presos se recusou a partir para o exílio: o bispo de Matagalpa Rolando Álvarez: “Prefiro pagar com a minha pena”, argumentou.

Ao despachar seus desafetos para os EUA, Ortega tenta se livrar de um problema – 💥️o de manter prisioneiros políticos encarcerados. Esta iniciativa é apenas aparente. Conforme destacou a diretora para as Américas da Human Rights Watch, Tamara Taraciuk Broner, a maneira como eles foram libertados expõe a arbitrariedade da Justiça e o controle de Ortega sobre os tribunais.

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