18,5% dos entrevistados em inquérito epidemiológico na Zona Leste de SP apresentam sintomas de Tireoidite de Hashimoto
Mapa do Inquérito Epidemiológico realizado pela Prefeitura de SP — Foto: Divulgação/PMSP
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) divulgou, nesta terça-feira (14), o resultado da primeira fase do inquérito epidemiológico realizado em bairros da Zona Leste de São Paulo para verificar uma possível correlação entre a incidência de Tireoidite de Hashimoto em moradores da região e a exposição deles à poluição ambiental causada pelo Polo Petroquímico de Capuava (PPC).
Concluída em 28 de janeiro, a primeira etapa do estudo foi realizada com 3.703 habitantes dos bairros São Rafael, São Mateus e ysokepemba. Por meio de entrevistas, agentes da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) averiguaram que 687 pessoas — 18,5% do grupo analisado — apresentaram três ou mais sintomas característicos da doença autoimune que afeta a glândula tireoide.
Assim que foram identificadas, as pessoas que sinalizaram um conjunto de sintomas, entre eles dor de garganta, rouquidão, ganho de peso e queda de cabelo, por exemplo, receberam orientação e guias de encaminhamento para as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de referência, para que passem por atendimento médico, realizem exames e sejam diagnosticadas, o que finaliza a segunda fase do inquérito.
2 de 3 Polo Petroquímico de Capuava — Foto: Reprodução/TV GloboPolo Petroquímico de Capuava — Foto: Reprodução/TV Globo
O Polo Petroquímico de Capuava está localizado nos municípios de Santo André e Mauá desde 1954, quando a Petrobras instalou na área uma de suas primeiras unidades no estado de São Paulo, a Refinaria de Capuava. Atualmente, são várias as empresas que atuam no local, alimentando indústrias químicas e plásticas.
Na terceira etapa do estudo, que tem encerramento previsto para abril, será feita uma análise comparativa dos dados obtidos. Para isso, os bairros Itaim Paulista, também na Zona Leste, e Jabaquara, na Zona Sul da capital, ambos distantes do Polo Petroquímico, foram sorteados para servir como grupos de controle. Os dados obtidos com a população dessas regiões serão comparados aos das áreas onde há suspeita de contaminação por poluentes.
A relação da doença com a poluição petroquímica na área é um tema que vem sendo debatido há pelo menos dez anos e é objeto de estudiosos da área da Saúde.
Em 2014, uma pesquisa do laboratório de poluição da Universidade de São Paulo (USP) mostrou um aumento significativo nos índices de doenças da tireoide na população que vive nos arredores do polo. Na época, os estudiosos notificaram a Secretaria da Saúde estadual, que fez um alerta à população.
O Ministério Público também informou, naquele ano, que a investigação ainda não tinha virado processo porque faltava identificar exatamente qual poluente causava a mutação na glândula tireoide e fazia os pacientes desenvolverem doenças.
3 de 3 Polo Petroquímico de Capuava, localizado em Mauá e Santo André, no Grande ABC — Foto: Reprodução/TV GloboPolo Petroquímico de Capuava, localizado em Mauá e Santo André, no Grande ABC — Foto: Reprodução/TV Globo
Mas, segundo moradores, mais casos foram surgindo. Com isso, em 2023, um grupo procurou vereadores de São Paulo e pediu que um novo estudo fosse feito. Uma audiência pública foi realizada em abril daquele ano.
O presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, o vereador Alessandro Guedes (PT), convidou, na época, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e as Câmaras de Santo André e Mauá para formar uma força-tarefa.
Após uma segunda audiência pública, os parlamentares decidiram instaurar uma comissão, presidida por Guedes, com o objetivo de investigar as denúncias e as possíveis causas e origens da poluição nas proximidades do polo.
O que você está lendo é [18,5% dos entrevistados em inquérito epidemiológico na Zona Leste de SP apresentam sintomas de Tireoidite de Hashimoto].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.
Wonderful comments