Dez dias após temporal, moradores de São Gonçalo temem que chuva traga novos deslizamentos
Dez dias depois do temporal que deixou mortos e desabrigados, moradores de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, temem novos deslizamentos com a previsão de chuvas fortes no município. Muitas pessoas ainda aguardam ajuda da prefeitura.
O medo é que, em bairros que já foram devastados, novas tragédias aconteçam pela falta de obras de prevenção. No 💥️Jardim Califórnia, os moradores dizem que a Rua Antônio Menezes sofre com a frequência das enchentes.
“Todas as ruas aqui são ruas desse jeito. Na minha rua ali esse dia encheu três vezes. A água enche a vila, e quando enche a vila não tem saída, vai até o teto. Perdi geladeira, televisão, perdi tudo. Eu não tenho nem onde dormir mais”, conta Ivone Morais.
No dia 13 de fevereiro, choveu em apenas uma hora mais do que o previsto para o mês inteiro de fevereiro no município. Em 24 horas, foram 192mm de chuva.
1 de 4 Família inteira morre em deslizamento em São Gonçalo — Foto: Reprodução/TV GloboFamília inteira morre em deslizamento em São Gonçalo — Foto: Reprodução/TV Globo
Outro bairro bastante afetado foi o 💥️Engenho Pequeno, onde uma família inteira morreu soterrada em um deslizamento. Foram mais de 50 horas de buscas até encontrar os corpos de Alan Santiago Cabral, de 45 anos, Rosilene Pereira Gomes Santiago, 34 anos, e a filha deles, Maitê Santiago Pereira, de 4 anos.
Roseli de Castro, de 52 anos, também morreu soterrada no mesmo bairro. Mais de 300 pessoas ficaram desabrigadas na cidade.
Dez dias depois, segundo a prefeitura, ainda há 60 desabrigados em dois pontos de acolhimento, no bairro Lindo Parque e no Engenho Pequeno.
Em bairros que costumam alagar, a falta de manutenção de rios e córregos assusta os moradores. O rio passa entre as casas e quando enche, a água destrói o que encontra no caminho. Um morador teve que tirar os escombros do rio com as próprias mãos.
2 de 4 Valão dentro do quintal de moradores de São Gonçalo — Foto: Reprodução/TV GloboValão dentro do quintal de moradores de São Gonçalo — Foto: Reprodução/TV Globo
"A Defesa Civil esteve no local e explicou que a demanda estava muito grande, não tinha data de previsão pra vir retirar os escombros de dentro do valão. Então, eu tive que tomar uma providência, que se eu não removesse alguma coisa pra tentar amenizar a situação das chuvas aqui, eu ia perder minha casa”, relembra Patrick Gomes.
Equipes da prefeitura estiveram no local nesta quinta-feira (23) para remover o entulho de dentro do rio. Mas, de acordo com os moradores, a manutenção de limpeza é rara.
"Eu nasci em 1970. Nunca vi esses valões serem limpos. Isso aqui sempre encheu, e nunca a prefeitura limpou um valão aqui da redondeza. Todo mundo perde tudo o tempo todo, a gente não aguenta mais. Eu tenho que tirar minha mãe dessa rua, porque eu não aguento mais o que tá passando nesse lugar”, falou Maria Helena.
3 de 4 Ainda há 60 desabrigados em São Gonçalo — Foto: Reprodução/TV GloboAinda há 60 desabrigados em São Gonçalo — Foto: Reprodução/TV Globo
Moradores do Engenho Pequeno pedem obras no local para evitar novas tragédias.
4 de 4 Morador pinta SOS em rua de São Gonçalo — Foto: Reprodução/TV GloboMorador pinta SOS em rua de São Gonçalo — Foto: Reprodução/TV Globo
Um morador pintou um “SOS” na faixa onde um valão passa.
"Isso aqui é a largura do valão que desemboca ali. Já acionamos a Defesa Civil pra poder fazer uma vistoria na minha casa. Até agora, já faz cinco dias, já peguei número do protocolo, ainda não veio”, afirma ele.
A Prefeitura de São Gonçalo disse que as famílias que tiveram a casa interditada estão sendo cadastradas e já começaram a receber o auxílio habitacional temporário de R$ 600, que vai de três meses a até um ano.
A prefeitura disse que equipes da Conservação atuam na retirada de entulho do muro no bairro Jardim Califórnia, e que as casas na Rua Antônio Menezes não foram interditadas.
Sobre o bairro Engenho Pequeno, a prefeitura disse que faz a limpeza frequente do valão, e que técnicos da Defesa Civil vão ao local o quanto antes analisar a situação.
A prefeitura disse ainda que as regiões sofrem problema crônico de alagamento, por conta das construções irregulares sobre rios e valões, e que a atual gestão vem atuando para minimizar a situação.
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