Inpe utiliza satélite para gerar imagens das áreas atingidas por deslizamento no Litoral Norte de São Paulo

Imagem Divulgação/Agência Espacial Francesa À esquerda imagem feita pelo Cbers-4A em julho de 2022 e à direito registro captado por um satélite francês nesta quinta-feira (23) — Foto 1: Divulgação/Inpe — Foto 2: Divulgação/Agência Espacial Francesa

Pesquisadores do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em São José dos Campos, estão reprogramando o satélite sino-brasileiro CBERS-4A para gerar imagens de áreas devastadas ou alagadas, em decorrência do temporal que atingiu o litoral norte no fim de semana.

As imagens poderão ser utilizadas para auxiliar em buscas, identificação de áreas de risco ou envio de recursos precisos para cada localidade afetada.

Os geólogos da divisão de observação da terra e geoinformática do Inpe estão na etapa de recebimento de imagens que já foram requisitadas nesta quarta-feira (22) e que, posteriormente, serão preparadas e enviadas para órgãos de defesa nacional.

As imagens adquiridas são extremamente importantes para os governos municipais e federal, seja para identificar os locais afetados, entender quais são as áreas de desastre ou mesmo delimitar essas regiões de risco num trabalho secundário e, quando há tempo, ajudar em resgates.

Áreas em azul mostram regiões com alagamento em Caraguatatuba — Foto: Divulgação/Inpe 1 de 2 Áreas em azul mostram regiões com alagamento em Caraguatatuba — Foto: Divulgação/Inpe

Áreas em azul mostram regiões com alagamento em Caraguatatuba — Foto: Divulgação/Inpe

“Mesmo sendo entregues dias depois [do desastre], as imagens são úteis para ajudar na limpeza da área, levantamento de danos na região ou verificar recursos necessários que podem ser destinados para o local. Mais tarde, a delimitação de áreas de risco pode ser feita para evitar futuros desastres. Praticamente, 90% do trabalho [de órgãos brasileiros] realizado nessa outra fase é com base na utilização das imagens feitas”, explica o doutor em geografia do Inpe, Laercio Namikawa.

Por conta da alta nebulosidade que ainda permanece no litoral, os pesquisadores tiveram dificuldades em obter imagens nítidas, principalmente de São Sebastião, para analisar e enviar os registros aos órgãos competentes.

Imagem Divulgação/Agência Espacial Francesa Imagens comparam uma área maior da região da Vila do Sahy — Foto 1: Divulgação/Inpe — Foto 2: Divulgação/Agência Espacial Francesa

Até então, fotografias de Caraguatatuba, cidade afetada com alagamentos e que tem, ao menos, 60 desalojados, eram as mais nítidas. O Inpe deve receber ainda outras fotos, que serão feitas por um dos satélites das demais 16 agências espaciais do mundo que fazem parte da carta internacional de cooperação.

O auxílio de outros países acontece por meio da assinatura de um compromisso de intenção, que quando há um desastre de grandes proporções, são alocados recursos das agências para aquisição e programação de satélites que ajudam em imagens de resposta.

Segundo Namikawa, nesta quarta-feira (22) foram requisitadas aquisições de imageamentos do litoral, o que pode demorar ainda 24 horas. “São várias imagens agendadas para hoje, que poderão ser feitas por satélites americanos, russos, chineses e alemães. As imagens estão sendo preparadas para serem entregues, mas, antes, precisamos analisar se terá nuvens ou não [na região]”, disse.

Imagem Divulgação/Agência Espacial Francesa Imagens feitas de trecho da Rio-Santos na região de Juquey, onde houve interdição — Foto 1: Divulgação/Inpe — Foto 2: Divulgação/Agência Espacial Francesa

O processamento e envio de imagens não ocorre rapidamente, pois há a necessidade de haver luz solar no momento da captação pelos satélites. Além deste fator, não há um satélite passando todo momento na região do litoral.

Após a aquisição dos registros, os especialistas precisam ainda de 12h a 24h para analisar, tratar e fazer todo o trabalho de identificação de pontos afetados, para, então, disponibilizar as imagens.

Esta não é a primeira vez que o Inpe reprograma o CBERS-4A para requisitar imagens de desastres naturais. Desde 2018, foram 120 cooperações em desastres em diversos países, como Turquia, Japão, Sri Lanka, Ïndia, Sudão, Rússia, Paraguai, Bolívia, Argentina e Venezuela. Somente no Brasil, foram 16 ativações envolvendo deslizamentos, inundações e rompimento de barragem, como no caso de Brumadinho (MG).

Equipes de resgate prosseguem nesta quinta-feira (23) a busca por vítimas após o temporal que devastou o Litoral Norte de São Paulo no fim de semana. 38 pessoas estão desaparecidas, segundo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Mais cedo, o tenente-coronel Hengel Ricardo, coordenador da Defesa Civil estadual, afirmou que eram 57.  

 "Esse numero de desaparecidos pode flutuar, pode ser que a gente encontre mais gente, menos gente", afirma Tarcísio.

Os trabalhos de buscas acontecem especialmente em bairros da costa sul da cidade de São Sebastião, como a Vila do Sahy, área que concentra a maioria das vítimas da tragédia, e Juquehy.

Na terça-feira voltou a chover forte em São Sebastião e as buscas chegaram a ser suspensas momentaneamente por questões de segurança devido ao risco de novos deslizamentos de terra.

Os trabalhos foram retomados a partir das 22h e seguiram pela madrugada, diferente do que aconteceu nos primeiros dias, quando em alguns pontos não havia luz para que a continuidade das buscas nos locais afetados.

As buscas são feitas por bombeiros, agentes da Defesa Civil e os próprios moradores. No domingo, helicópteros da PM tiveram dificuldade para chegar nos pontos mais críticos devido ao mau tempo. O Exército enviou aeronaves para ajudar nos trabalhos. A operação envolve mais de 600 pessoas.

Uma das vítimas é uma menina de 7 anos que morreu soterrada após a sua casa ser destruída por uma pedra de duas toneladas durante o temporal em Ubatuba. Em São Sebastião, uma mulher de 35 anos morreu depois que a casa dela foi atingida por uma árvore.

Em São Sebastião, uma criança de 2 anos foi salva após ter ficado horas sob os escombros. Equipes também resgataram uma mulher em trabalho de parto que estava isolada — mãe e bebê passam bem.

Em Juquehy, outro bairro bastante afetado pelas chuvas, o Corpo de Bombeiros registrou um novo deslizamento de terra de segunda para terça, mas sem registro de vítimas.

1 de 17 Carro fica preso em enchente no centro de Juquehy (São Sebastião) — Foto: Reprodução/Roberto Kovalick 2 de 17 São Sebastião decreta calamidade pública — Foto: Divulgação/Prefeitura de São Sebastião 3 de 17 São Sebastião decreta calamidade pública — Foto: Divulgação/Prefeitura de São Sebastião 4 de 17 São Sebastião decreta calamidade pública — Foto: Divulgação/Prefeitura de São Sebastião 5 de 17 São Sebastião decreta calamidade pública — Foto: Divulgação/Prefeitura de São Sebastião 6 de 17 São Sebastião decreta calamidade pública — Foto: Divulgação/Prefeitura de São Sebastião 7 de 17 São Sebastião decreta calamidade pública devido às chuvas — Foto: Divulgação/Defesa Civil de São Sebastião 8 de 17 Rua alagada em Juquehy, em São Sebastião, Litoral Norte de SP — Foto: Roberto Kovalick 9 de 17 Morro próximo à Estrada da Maquininha, em São Sebastião (SP) — Foto: Mônica Mariotti 10 de 17 Família é resgatada de bote em Boiçucanga, na cidade de São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo — Foto: Mônica Aquino/g1 11 de 17 Tragédia em São Sebastião: Voluntários organizando doações no Centro Esportivo do Jd. Britânia, em Caraguatatuba — Foto: Tiago Bezerra 12 de 17 Chuva em São Sebastião — Foto: João Mota/TV Vanguarda 13 de 17 Vítima da chuva é resgatada por moradores na costa sul de São Sebastião — Foto: Daniele Zampollo/Arquivo pessoal 14 de 17 Moradores de São Sebastião formam 'corrente humana' para resgatar crianças depois do temporal — Foto: Thiago Martins 15 de 17 Tragédia em São Sebastião: Moradores estão ilhados e só conseguem sair pelos fundos, pela casa do vizinho, rua Antônio Tenório — Foto: André Luís Rosa 16 de 17 Helicóptero do Exército auxilia no transporte de vítimas em São Sebastião — Foto: Exército/Divulgação 17 de 17 Mais de 100 bombeiros trabalham em resgate de vítimas em São Sebastião e Ubatuba. — Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros

Desde domingo (19), o governador Tarcísio de Freitas está em São Sebastião. Ele mudou temporariamente o gabinete dele para a cidade, enquanto a situação crítica persistir. Um comitê de gerenciamento de ações foi montado para atender aos desabrigados.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também esteve em São Sebastião. Ele se comprometeu a implementar um programa habitacional para as vítimas da chuva e disse que o governo federal está à disposição para atuar nas áreas atingidas.

Tarcísio de Freitas, Lula e o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução 2 de 2 Tarcísio de Freitas, Lula e o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

Tarcísio de Freitas, Lula e o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

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