Bombeiros usam máquinas para chegar a áreas não exploradas por socorristas na Vila Sahy; chance de encontrar sobreviventes é men
Escavadeira é usada para remover lama acumulada em rua da Vila Sahy, em São Sebastião — Foto: Fábio Tito/g1
Oficiais do Corpo de Bombeiros de São Paulo que atuam nas buscas por vítimas dos deslizamentos de terra em São Sebastião, no Litoral Norte paulista, dizem que a probabilidade de encontrar pessoas com vida está diminuindo ao longo dos dias, já que bolsões de ar não são comuns em casos de soterramento.
Nesta quinta, subiu para 50 o número de mortos, segundo a Defesa Civil Estadual. Foram encontrados os corpos de 49 vítimas em São Sebastião e uma em Ubatuba. Na última divulgação do governo estadual, 38 pessoas estavam desaparecidas e, também segundo a Defesa Civil, há mais de 4 mil desalojados ou desabrigados.
A 💥️corporação já tem utilizado maquinário para avançar nos espaços ainda não explorados pelos socorristas. Os trabalhos de buscas entraram no quinto dia nesta quinta-feira (23).
Sobre o uso de máquinas, o primeiro-tenente Spacassassi afirmou que "tudo depende do risco que envolve o acesso de máquina ou não".
2 de 2 Máquina trabalha para tirar escombros na Vila Sahy, em São Sebastião (SP) — Foto: Giaccomo Voccio/g1Máquina trabalha para tirar escombros na Vila Sahy, em São Sebastião (SP) — Foto: Giaccomo Voccio/g1
Segundo ele, em casos em que há estrutura de alvenaria, por exemplo, os maquinários são acionados após 7 ou 10 dias de procura.
"Para chegar num ponto, precisamos remover uma área que a gente já sabe que não tem ninguém. Quando chegamos a locais que a gente entende que pode ter vida, começamos a fazer [a busca] manualmente. Vamos dosando de acordo com as informações e com o contexto geral da ocorrência", destacou.
As buscas se dividiram em três frentes nesta quinta na Vila Sahy, local mais afetado pelos deslizamentos:
Segundo informações passadas ao tenente, na área da Rua 1 (B), que é mais próxima ao morro mais alto, não há mais vítimas. "A gente precisa confirmar essa informação. Na parte noturna, nós vamos focar as buscas na 1 (A) e na 0, que é a nossa prioridade hoje", pontuou.
Spacassassi garantiu que as buscas seguirão de forma ininterrupta, mesmo à noite: "A gente produz iluminação artificial para que conseguir continuar as buscas. Há um processo natural de, em uma situação específica de risco, a gente diminuir o setor, a mobilidade, mas as buscas não são interrompidas à noite".
Sobre o uso maquinário, ele também disse que a utilização é necessária principalmente para tornar o trabalho mais seguro:
"Às vezes, a gente precisa de maquinário para conter uma certa quantidade de terra num canto, remover para acessar. Nesse momento, a gente buscou manualmente em todos os pontos possíveis. Agora, a máquina precisa abrir esse caminho para que a gente, manualmente, consiga ficar mais próximo do local que a gente entende que pode ter vítima".
Segundo o tenente, diante da complexidade da ocorrência nos primeiros dias, a ajuda de voluntários era primordial: "A gente tem aquela situação de risco, e a gente controla isso. De uma maneira segura, a população consegue ajudar, principalmente na parte de ajuda humanitária, de apoio".
No entanto, o trabalho para os civis se restringe às áreas de baixo risco e, conforme os dias se passam, novas equipes de especialistas são disponibilizadas, e a ação da população é desmobilizada.
1 de 4 Fiscalização da prefeitura flagrou construção irregular em março de 2022 na Vila Sahy, como mostra imagem adicionada à ação civil pública do Ministério Público Estadual para a regularização da comunidade. — Foto: Reprodução/g1 2 de 4 Trecho de despacho anexado à ação civil pública do Ministério Público Estadual para a regularização da Vila Sahy mostra resultado de fiscalização da prefeitura, que registrou várias novas construções irregulares. — Foto: Reprodução/g1 3 de 4 Fiscalização da prefeitura flagrou construção irregular em março de 2022 na Vila Sahy, como mostra imagem adicionada à ação civil pública do Ministério Público Estadual para a regularização da comunidade. — Foto: Reprodução/g1 4 de 4 Fiscalização da prefeitura flagrou construção irregular em março de 2022 na Vila Sahy, como mostra imagem adicionada à ação civil pública do Ministério Público Estadual para a regularização da comunidade. — Foto: Reprodução/g1
Entre abril de 2023 e janeiro de 2023, pelo menos 20 novas construções irregulares foram erguidas na Vila Sahy, em São Sebastião (litoral norte de São Paulo), local onde famílias morreram soterradas no último final de semana após um deslizamento de terra de um trecho Serra do Mar, provocado pela chuva extrema.
As novas construções foram reportadas por fiscais da prefeitura de São Sebastião em inspeções realizadas no âmbito de uma ação civil pública do Ministério Público Estadual para exigir a regularização urbana da Vila Sahy.
Trata-se de construções irregulares, já que a Vila Sahy é uma área, em tese, "congelada", isto é, em que são proibidas novas ocupações.
O congelamento ocorreu em 2009, quando a Prefeitura de São Sebastião assinou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público. Na ocasião, a prefeitura se comprometeu a regularizar a área em um prazo de dois anos, o que não aconteceu.
Em março de 2023, então, o Ministério Público entrou com uma ação civil pública para exigir a intervenção no local --o que inclui ligação oficial de água, luz, urbanização e liberação das áreas de risco. Na época, já eram 650 imóveis na comunidade e ao menos 596 famílias. Com as chuvas do último final de semana, ao menos 50 casas desabaram.
Entre abril de 2023 e janeiro de 2023, além das novas construções irregulares, para as quais foram emitidos autos de demolição, fiscais da prefeitura flagraram ao menos duas reformas em imóveis já existentes e duas construções em fases iniciais. Os autos eram para demolições voluntárias -- no processo, a prefeitura não informa se elas de fato ocorreram.
Em novembro de 2023, uma inspeção do Ministério Público Estadual já havia identificado obras e áreas com risco de deslizamento na Vila Sahy.
A prefeitura argumenta à Justiça que tem 102 áreas para regularizar em toda São Sebastião, e que não há recursos suficientes para fazer tudo o que é preciso. O prazo atual que a prefeitura estabelece para resolver a situação no local é 2025, o que a Promotoria considera insuficiente. Uma decisão da Justiça em 2022 determinou que a prefeitura apresente prazos para estudos atualizados sobre o local e para a contratação de serviços de urbanização.
O g1 procurou a Prefeitura de São Sebastião e não havia obtido resposta até a última atualização desta reportagem.
As chuvas que caíram no litoral norte entre o último sábado (18) e o último domingo (18) foram as maiores já registradas em 24 horas na história do país, segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Balanço da Defesa Civil aponta 49 mortes (48 em São Sebastião e uma em Ubatuba) após os temporais. É na Vila Sahy que estão a maior parte das vítimas: ao menos 34, segundo a Defesa Civil. Há ainda desaparecidos, e equipes de resgate atuam para buscar sobreviventes.
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