Itamaraty vê em resolução aprovada na ONU abertura para a proposta de Lula sobre o fim da guerra
O ministro Mauro Vieira, das Relações Exteriores, durante entrevista para a TV Globo — Foto: Reprodução/TV Globo
O ministro Mauro Vieira, das Relações Exteriores, comentou nesta quinta-feira (23) a resolução aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) pedindo o fim da guerra e a retirada de tropas russas da Ucrânia. Segundo ele, a aprovação do texto, que incorporou um parágrafo sugerido pelo Brasil, sinaliza que há abertura para um grupo de países intermediar o diálogo de paz entre Rússia e Ucrânia.
O presidente Lula tem defendido que um grupo de nações entre no cenário para fazer negociações entre os dois países do conflito.
"Por uma proposta do Brasil, foi incluído no parágrafo quinto [da resolução] uma exortação à cessação das hostilidades. Com isso, abre-se um espaço para que haja o que o presidente Lula sugeriu tantas vezes, que é um grupo de países que falem com as duas partes, que tenham participação no cenário internacional e estejam dispostos a sentar e discutir alternativas de paz", afirmou Vieira em entrevista à TV Globo.
Também nesta quinta, o vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Mikhail Galuzin, disse que o Kremlin está estudando a proposta de Lula. Galuzin falou à agência russa Tass:
“Registramos as declarações do presidente do Brasil sobre o tema de uma possível mediação, para encontrar caminhos políticos para evitar a escalada na Ucrânia e corrigir erros de cálculo no campo da segurança internacional com base no multilateralismo e considerando os interesses de todos os atores. Estamos examinando as iniciativas, principalmente do ponto de vista da política equilibrada do Brasil e, claro, levando em consideração a situação 'no terreno'", afirmou Galuzin.
Mauro Vieira também disse que, na próxima semana, Lula deve falar por telefone com os presidentes da Ucrânia, Volodymir Zelenski, e da Rússia, Vladimir Putin.
Vieira lembrou que o presidente da República conversou com Putin após o resultado do segundo turno das eleições.
“Acho que, na próxima semana, se não me engano, está já acertado um telefonema para o presidente da Ucrânia e com o presidente da Rússia. Ele [Lula] já falou antes, inclusive, logo depois de ter sido eleito. Portanto, ele [Lula] tem esses contatos, esses telefonemas e utilizará no momento oportuno”, afirmou o ministro.
Nessa primeira ligação, o presidente russo teria desejado a Lula um "bom governo" e manifestado interesse no "fortalecimento" da relação Brasil-Rússia.
A resolução da ONU foi aprovada nesta quinta-feira com 141 votos a favor e 32 abstenções. Seis países se juntaram à Rússia para votar não.
Essa é a quarta vez que a ONU pede o fim da invasão das tropas russas na Ucrânia desde o começo da guerra, em 24 de fevereiro de 2022.
O texto foi aprovado um dia depois que o principal diplomata da China visitou Moscou e prometeu uma parceria mais profunda com a Rússia. O representante da China na ONU se absteve na votação.
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