Atleta brasileiro de futsal que jogava na Ucrânia conta como a guerra mudou sua vida

Jonatan Bruno Santiago, conhecido como Moreno, de camisa laranjada, à direita, quando jogava na Ucrânia. — Foto: Arquivo pessoal 1 de 1 Jonatan Bruno Santiago, conhecido como Moreno, de camisa laranjada, à direita, quando jogava na Ucrânia. — Foto: Arquivo pessoal

Jonatan Bruno Santiago, conhecido como Moreno, de camisa laranjada, à direita, quando jogava na Ucrânia. — Foto: Arquivo pessoal

O brasileiro Jonatan Santiago, conhecido como Moreno, jogava futsal no time ucraniano Skyup quando a Ucrânia foi invadida pela Rússia. Com o início do conflito, em fevereiro de 2022, ele foi obrigado a deixar o país. Um ano depois, ele conta à RFI como a guerra mudou sua vida.

Quando a guerra explodiu, Jonatan Santiago e outros brasileiros conseguiram sair de Kiev e chegaram à Polônia. Ao contrário de outros atletas, ele decidiu não embarcar para o Brasil, de onde tinha saído há 11 anos, e continuar investindo na carreira europeia.

O amor pelos países do leste da Europa e a vontade de ficar próximo da filha que mora na Rússia falaram mais alto que os problemas que poderia enfrentar.

1 de 9 25 de fevereiro de 2022- Natali Sevriukova chora em frente ao prédio onde morava após um ataque com foguete em Kyiv, na Ucrânia — Foto: Emilio Morenatti/AP 2 de 9 A expressão de Natalia Rudneva, ferida após bombardeio noturno em Kramatorsk, leste da Ucrânia — Foto: Andriy Andriyenko/AP 3 de 9 9 de março - Corpos são jogados em uma vala comum nos arredores de Mariupol, na Ucrânia. Bombardeios russos impediam a realização de enterros. — Foto: Evgeniy Maloletka/AP 4 de 9 Nadiya Trubchaninova, 70, chora enquanto segura a cruz sobre o túmulo de seu filho Vadym, 48, morto por soldados russos em 30 de março de 2022 em Bucha, na Ucrânia. — Foto: Rodrigo Abd/AP 5 de 9 Soldados carregam corpo de morto em ataque a estação de trem em Kramatorsk, na Ucrânia — Foto: FADEL SENNA / AFP 6 de 9 Pessoas ao lado de uma casa e carro danificados por um ataque de míssil em Kiev, na Ucrânia — Foto: Reuters/Valentyn Ogirenko 7 de 9 Uma câmera no painel de um veículo capturou o momento em uma explosão atingiu a cidade de Dnipro, na Ucrânia — Foto: Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia/Reprodução 8 de 9 Mulher fica ferida em explosão de edifício durante ofensiva militar russa em Chuguiv, no leste da Ucrânia, na manhã desta quinta (24) — Foto: Wolfgang Schwam/Anadolu Agency via Getty Images 9 de 9 7 de março - Pai coloca a mão na janela de vagão de trem enquanto se despede de sua filha na estação ferroviária central de Odessa, durante a guerra entre Rússia e Ucrânia — Foto: Bulent Kilic/AFP

Mas o brasileiro se organizou bastante rápido. Logo após conseguir sair da Ucrânia, aproveitou a janela de transferência aberta para os jogadores de times ucranianos e começou a jogar na Alemanha para o Hot 05, de Dusseldorf, onde ficou por dez meses.

"Minhas coisas ainda estão todas na Ucrânia. Não consegui recuperar nada do que ficou lá”, revela. “Mudou totalmente meus planos. Não tinha nenhum projeto de ir ou conhecer a Alemanha, mas acabei conhecendo, trabalhando e morando lá", ele conta.

Uma proposta interessante fez Jonatan Santiago trocar a Alemanha pela França e, atualmente, ele joga no clube francês Montpellier Méditerranée. 

Mas os primeiros dias do conflito e as dificuldades para deixar a Ucrânia ainda estão muito vivos na memória do atleta.

“A gente tentou fugir de trem e tinha muita gente que empurrava, batia. A gente não conseguiu sair! Depois tentamos pagar o maquinista, mas ele pegou o dinheiro e não deixou a gente ir”, descreve ele sobre como tentou sair de Kiev no meio do caos dos primeiros bombardeios russos.

“Aconteceu tanta coisa! Foram dez ou 11 dias, mas pareceu que foi um ano. Coisas que não tem como esquecer. A gente dormindo debaixo dos prédios, porque não tinha para onde ir, coisas que ficam marcadas, como se estivéssemos em um filme, então é difícil explicar quando acontece", diz.

Mas apesar de tudo o que passou e da situação do país, Jonatan tem planos de voltar para a Ucrânia desde que possível. Ele inclusive recebeu um convite do Skyup para voltar a jogar, mas achou arriscado retornar neste momento.

“Eu queria muito, porque eu gosto muito da Ucrânia, sou muito apegado ao leste europeu, vivi dez anos lá”, lamenta o atleta.

A guerra não mudou apenas os planos profissionais de Jonatan Santiago. Desde o início da guerra ele não vê a filha de seis anos. Ele também perdeu muitos amigos.

"Eu tenho um amor e uma conexão muito grandes com a Ucrânia, com as pessoas, eu tenho amigos ucranianos que são incrivelmente atenciosos e sempre estão dispostos a ajudar os brasileiros. Eles amam o Brasil”, conta.

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