Justiça de SP condena donas e funcionária da escola Colmeia Mágica por torturar e maltratar 9 crianças que aparecem em vídeos

A Justiça de São Paulo condenou nesta segunda-feira (27) as donas e a funcionária da 💥️Escola Colmeia Mágica por torturar e maltratar nove crianças entre dezembro de 2023 a março de 2022. Elas foram absolvidas dos crimes de associação criminosa e colocar os alunos em perigo de vida.

Cabe recurso contra a decisão da juíza 💥️Cynthia Torres Cristófaro, da 23ª Vara Criminal, do Fórum da Barra Funda, Zona Oeste da capital.

O caso foi revelado em março de 2022 pelo 💥️g1, depois que vídeos e fotos mostravam alunos chorando e amarrados em lençóis, presos a cadeirinhas de bebês dentro de um banheiro da escola de educação infantil na Zona Leste da capital. As imagens viralizaram nas redes sociais.

💥️Roberta Serme, diretora e dona da Colmeia Mágica, foi condenada a💥️ 49 anos, 9 meses e 10 dias de prisão em regime inicial fechado e💥️ 1 ano e 4 meses de detenção em regime semiaberto.

A irmã dela, 💥️Fernanda Serme, coordenadora, professora e sócia da escolinha, recebeu pena de 💥️13 anos e 4 meses de detenção em regime inicial semiaberto.

💥️Solange Hernandez, funcionária da escola, foi condenada a 💥️31 anos, 1 mês e 10 dias de reclusão, em regime inicial fechado, e 💥️8 meses de detenção em regime semiaberto.

As sócias proprietárias da Colmeia Mágica estavam presas preventivamente desde abril do ano passado por decisão da Justiça. A empregada responde solta à condenação. Elas sempre negaram os crimes.

Roberta e Fernanda Serme, donas da Colmeia Mágica, e Solange Hernandez, funcionária. No centro a escola e ao lado as crianças — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/g1 1 de 5 Roberta e Fernanda Serme, donas da Colmeia Mágica, e Solange Hernandez, funcionária. No centro a escola e ao lado as crianças — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/g1

Roberta e Fernanda Serme, donas da Colmeia Mágica, e Solange Hernandez, funcionária. No centro a escola e ao lado as crianças — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/g1

Procurado pelo 💥️g1 para comentar o assunto, o advogado 💥️André Dias, que defende as irmãs Serme, afirmou nesta segunda que "estamos analisando a sentença."

Em nota, o advogado 💥️Leonardo Luiz Fiorini, que defende Solange, informou que "no momento não há o que se questionar e sim recorrer diante da [referida] Sentença. Embora foi uma pena alta demais, não podemos nos sucumbir e não deixar de recorrer para o TJSP. Pois o que se busca constantemente é a busca da verdade real."

O 💥️Ministério Público (PM) informou que analisa a decisão para saber se tomará alguma medida a respeito. "A sentença saiu agora pouco e ainda vou analisar, devo recorrer de alguns pontos e assim que tiver uma visão geral posso passar todas as informações necessárias", informou o promotor 💥️Filipe de Melo Euzébio, por meio de nota.

Perícia constatou, no primeiro inquérito, lesões em pelo menos dois alunos da Colmeia Mágica. Imagens acima mostram braço machucado de uma mesma criança — Foto: Reprodução 2 de 5 Perícia constatou, no primeiro inquérito, lesões em pelo menos dois alunos da Colmeia Mágica. Imagens acima mostram braço machucado de uma mesma criança — Foto: Reprodução

Perícia constatou, no primeiro inquérito, lesões em pelo menos dois alunos da Colmeia Mágica. Imagens acima mostram braço machucado de uma mesma criança — Foto: Reprodução

Antes, o promotor havia denunciado Roberta, Fernanda e Solange por associação criminosa e perigo de vida, além de tortura e maus-tratos. Mas a magistrada absolveu as três mulheres desses outros dois primeiros crimes.

"A assistência à acusação que representa uma das vítimas não se conforma com o resultado e irá recorrer ao Tribunal de Justiça de São Paul💥️o (TJ-SP) para que a sentença seja reformada pedindo o aumento das penas e imposição de regime inicial mais gravoso. As defensoras continuarão trabalhando arduamente na busca da maior condenação possível visto a gravidade dos crimes cometidos dentro do ambiente escolar e tendo como vítimas bebês indefesos", informa nota divulgada pelas advogadas 💥️Ana Carolina Lopes da Silva Badaró e 💥️Nathalia Ramos Martella.

A Polícia Civil de São Paulo abriu em junho do ano passado outro inquérito para apurar novas denúncias de tortura e maus-tratos, desta vez, supostamente contra mais 34 crianças (20 meninos e 14 meninas) da Colmeia Mágica. Esta é a segunda investigação envolvendo a escolinha.

Entenda abaixo as duas investigações:

No primeiro inquérito, aberto no início de 2022, a 8ª Delegacia Seccional concluiu que as duas donas da Colmeia Mágica e uma funcionária cometeram tortura e maus-tratos contra nove alunos (duas meninas e sete meninos). Essas crianças aparecem em vídeos e fotos que circularam nas redes sociais. As imagens mostram elas chorando, amarradas com lençóis, e presas a cadeirinhas de bebês dentro do banheiro da escola. As cenas teriam sido gravadas por funcionárias descontentes. Foram a partir dessas imagens que a polícia passou a investigar os crimes.

A Colmeia Mágica atendia crianças de 0 a 5 anos, do berçário ao ensino infantil. O caso provocou indignação nos pais de alunos. Atualmente a escolinha, fundada em 2002, está fechada.

Pais de alunos protestaram na frente da Colmeia Mágica nesta terça (15) na Zona Leste de São Paulo — Foto: Reprodução/Redes sociais 3 de 5 Pais de alunos protestaram na frente da Colmeia Mágica nesta terça (15) na Zona Leste de São Paulo — Foto: Reprodução/Redes sociais

Pais de alunos protestaram na frente da Colmeia Mágica nesta terça (15) na Zona Leste de São Paulo — Foto: Reprodução/Redes sociais

Além de tortura e maus-tratos contra nove crianças, Roberta e Fernanda Serme, respectivamente diretora e sócia da Colmeia Mágica, e Solange Hernandez, empregada da escolinha, também foram acusadas por associação criminosa, perigo de vida e constrangimento no mesmo caso.

O Ministério Público e a Polícia Civil estão convictos de que as nove crianças sofreram violência física e psicológica dentro da Colmeia Mágica. Para esses órgãos, além dos vídeos das crianças amarradas, fotos de algumas delas machucadas após saírem da escola e laudos periciais comprovam as lesões.

As três se tornaram rés neste processo na Justiça e depois foram condenadas. As irmãs Serme estão presas preventivamente em Tremembé, interior paulista; Solange responde aos crimes em liberdade. Todas elas negam as acusações.

Antes de a juíza dar a sentença, ela ouviu, entre julho a agosto de 2022, pais das vítimas e professoras da escolinha. Outras testemunhas falaram em outubro do ano passado. Depois disso, as acusadas foram interrogadas. E nesta segunda a Justiça as condenou.

Já o segundo inquérito contra a Colmeia Mágica foi aberto em 13 de junho de 2022 pela polícia a pedido do 💥️Ministério Público (MP) e por determinação da Justiça. Ele ainda não foi concluído. A Promotoria quer saber, por exemplo, se a delegacia consegue esclarecer nesta nova investigação se as duas donas e a funcionária da Colmeia Mágica tiveram ajuda de professoras na tortura e nos maus-tratos contra as nove crianças.

O MP ainda pediu para a polícia apurar se as 34 novas denúncias realmente aconteceram e quem participou delas. Essas outras queixas haviam sido feitas na delegacia pelos pais dos alunos logo que o caso veio à tona. Mas como elas não foram apuradas a fundo à época, o promotor pediu que o inquérito sobre a escola fosse desmembrado.

Foto mostra criança dormindo no chão da Colmeia Mágica, no primeiro inquérito — Foto: Reprodução/ Redes sociais. 4 de 5 Foto mostra criança dormindo no chão da Colmeia Mágica, no primeiro inquérito — Foto: Reprodução/ Redes sociais.

Foto mostra criança dormindo no chão da Colmeia Mágica, no primeiro inquérito — Foto: Reprodução/ Redes sociais.

Ele então denunciou à Justiça as três acusadas por crimes contra nove crianças, no primeiro inquérito. E pediu a abertura de uma nova investigação para apurar a veracidade das novas denúncias. O MP quer saber se essas outras acusações ocorreram e quem são as responsáveis por elas: seja cometendo os crimes ou sendo conivente com eles, pela omissão em não denunciá-los.

Além de Roberta, Fernanda e Solange, professoras da escolinha também serão investigadas pela polícia para saber se tiveram algum envolvimento.

No primeiro inquérito: Menino com hematoma perto do olho e garoto internado no respirador. Ambos chegaram feridos e doentes em casa após saírem do berçário da Colmeia Mágica, em São Paulo — Foto: Reprodução/Divulgação 5 de 5 No primeiro inquérito: Menino com hematoma perto do olho e garoto internado no respirador. Ambos chegaram feridos e doentes em casa após saírem do berçário da Colmeia Mágica, em São Paulo — Foto: Reprodução/Divulgação

No primeiro inquérito: Menino com hematoma perto do olho e garoto internado no respirador. Ambos chegaram feridos e doentes em casa após saírem do berçário da Colmeia Mágica, em São Paulo — Foto: Reprodução/Divulgação

No primeiro inquérito, as educadoras foram ouvidas como testemunhas e não como investigadas. Naquela ocasião, elas negaram ter participado dos crimes. Haviam dito que presenciaram as cenas de violência e, por este motivo, decidiram denunciar as donas e a funcionária da escolinha.

Elas haviam contado à época que Roberta amarrava as crianças, acreditando que com isso elas parariam de chorar. Segundo elas, a diretora não suportava ouvir choros dos alunos. Segundo os depoimentos, Fernanda era conivente com a situação. Há ainda relatos de que Solange chegou a cobrir a cabeça de um bebê com uma coberta, e ele ficou internado num hospital após sentir dificuldades de respirar.

Roberta Serme é diretora da Escola Infantil Colmeia Mágica — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal 6 de 5 Roberta Serme é diretora da Escola Infantil Colmeia Mágica — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Roberta Serme é diretora da Escola Infantil Colmeia Mágica — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

💥️Roberta chegou a confirmar em seu depoimento à polícia que os vídeos foram gravados na sua escola e que as crianças que aparecem lá são seus alunos. Mas negou que as amarrasse ou ordenasse a alguém para amarrá-las. Disse ainda que desconhecia quem teria feito isso. Mas desconfiava que as cenas pudessem ter sido montadas por alguma funcionária insatisfeita para prejudicar ela e sua irmã.

💥️Fernanda também se mostrou surpresa com os vídeos quando foi ouvida na delegacia.

💥️Solange também negou ter cometido algum crime. Além de acusar Roberta de "embalar'" as crianças, a funcionária falou à polícia, e em entrevista à 💥️TV Globo e ao 💥️g1, que as professoras da Colmeia Mágica eram orientadas pela diretora a fazer o mesmo "procedimento". Ela ainda falou que não ajudou a patroa a amarrar os alunos. E negou que tivesse jogado uma coberta na cabeça de uma criança, a sufocando.

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