Estrutura do Ibama é 'menor' que a necessária e órgão precisará se 'desdobrar', diz novo preside
O novo presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, afirmou nesta terça-feira (28) que a estrutura do órgão é "muito menor" que a necessária e que será preciso se "desdobrar".
Agostinho deu a declaração ao tomar posse no cargo, em uma cerimônia na qual estavam autoridades como a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, além de alguns embaixadores.
O Ibama tem, entre outras atribuições, a função de fiscalizar a execução de políticas relativas ao licenciamento ambiental e à autorização de uso dos recursos naturais.
O novo presidente do Ibama também mencionou os incêndios florestais e afirmou que não haverá "tranquilidade" à frente do órgão.
"Nós vamos enfrentar os desafios que estão aí. O tema dos incêndios florestais, não teremos tranquilidade. Os incêndios serão piores e devemos estar preparados", declarou.
Na mesma linha de Agostinho, o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, também presente ao evento, manifestou preocupação com os incêndios florestais.
"Comecei a receber sinais dos meus parceiros que, se não nos mobilizarmos já, se não agirmos imediatamente, vamos assistir a uma retomada dos incêndios no primeiro ano do governo Lula. Não queremos isso, queremos estar preparados", afirmou.
Ex-prefeito de Bauru (SP), Rodrigo Agostinho foi indicado para o cargo por Marina Silva. A nomeação foi publicada no "Diário Oficial da União" no último dia 24 e foi assinada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Agostinho presidiu a Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados e representou a Câmara na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 27), no ano passado, no Egito.
Durante a posse de Agostinho, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, comparou a atuação de funcionários do Ibama à atuação dos profissionais de saúde durante a pandemia, combatendo o "negacionismo".
"Não só eles [profissionais da saúde] expuseram a vida deles para vacinar, tratar, [...] mas tiveram que combater o negacionismo daqueles que não acreditavam na ciência e no vírus e foram corresponsáveis por mortes no Brasil e no mundo", declarou Mercadante.
"Vocês do Ibama estão na mesma condição, com atitudes heroicas no meio do fogo, enfrentando o negacionismo daqueles que não reconhecem que há uma grave crise climática no planeta, [...] que compromete a vida e o planeta para as próximas gerações", completou.
Após a cerimônia desta terça, Rodrigo Agostinho disse em entrevista à imprensa que o Ibama começará "nas próximas semanas" a interditar propriedades onde for detectado desmatamento ilegal.
Segundo a assessoria do Ibama, quando o órgão encontra indícios de desmatamento ilegal em um local, pode adotar medidas como aplicação de multa e o chamado embargo - situação em que o dono da propriedade fica proibido de realizar atividades no local.
"Vamos reiniciar o trabalho de embargo remoto. Então, as áreas desmatadas ilegalmente serão embargadas. As pessoas precisam entender que acabou o tempo da impunidade. Nós vamos embargar todas as propriedades que fizerem desmatamento ilegal, uma medida muito dura e que a gente se organiza para iniciar nas próximas semanas", declarou.
Nesta segunda (27), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que o governo identificou "ação criminosa" na Amazônia a fim de aumentar o desmatamento na região. Os alertas de desmatamento registraram recorde neste mês.
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