'Reoneração de combustíveis é decisão acertadíssima', diz Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central
O ex-presidente do Banco Central do Brasil e diretor-presidente da Tendências Consultoria, Gustavo Loyola, declarou, em entrevista à 💥️GloboNews na última terça-feira (28), que a retomada da cobrança dos impostos sobre combustíveis é "uma decisão acertadíssima" do Ministério da Fazenda.
"Acho que é uma decisão acertadíssima. Não apenas porque não há espaço fiscal [para manter a suspensão da tributação]. Seria [em caso contrário] uma sinalização negativa do ponto de vista do compromisso do governo com o resultado fiscal menos negativo este ano. Então, foi positivo por isso", afirmou Loyola.
Para Loyola, aplicar uma alíquota diferenciada para o etanol é acerto duplo, já que se trata de um combustível não fóssil e "muito menos poluente". "O Brasil tem essa vantagem e a gente tem de se aproveitar dela."
Na avaliação do economista, que presidiu o Banco Central em dois períodos diferentes – ao longo dos governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso –, a perspectiva para a economia brasileira em 2023 "não é de crise", mas de atividade "desaquecida".
"De fato, este ano o crescimento vai ser menor. Isso em função de vários fatores: menor crescimento global, taxas de juros no Brasil mais altas, política monetária restritiva. No ano passado, a economia ainda foi beneficiada pelos efeitos da reabertura pós-Covid, principalmente no setor de serviços", continuou Loyola.
O ex-presidente do BC ressaltou que, em 2023, esse processo de reabertura não estará presente. Para ele, o crescimento deve ficar na casa do 0,9% neste ano, "no máximo 1%".
O economista comentou também a expectativa para a votação da reforma tributária e seus reflexos sobre o consumo, uma das principais metas para 2023 da equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
"É claro que é uma tarefa complexa. Tem vários interesses sobre o tema, que são muitas vezes contraditórios entre si. Mas o Congresso precisa trabalhar duro junto com o Executivo nessa reforma, porque terá um efeito muito expressivo sobre o crescimento da produtividade e, portanto, o crescimento do PIB do Brasil nos próximos anos. É uma agenda prioritária para o país", concluiu o ex-BC.
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