Resultado do PIB reacende críticas de Lula e ministros à taxa de juros

Os ministros Simone Tebet (Planejamento) e Fernando Haddad (Fazenda) ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — Foto: Reuters 1 de 1 Os ministros Simone Tebet (Planejamento) e Fernando Haddad (Fazenda) ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — Foto: Reuters

Os ministros Simone Tebet (Planejamento) e Fernando Haddad (Fazenda) ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — Foto: Reuters

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministros do governo federal retomaram críticas ao patamar mantido pelo Banco Central para a Selic, taxa de juros básica no Brasil.

Novas manifestações vieram após a apresentação do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma dos valores de todos os bens e serviços finais produzidos pelo país no ano.

O PIB do Brasil cresceu 2,9% no ano de 2022, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado foi divulgado nesta quinta-feira (2).

"As pessoas dizem ‘o presidente não pode criticar o presidente do Banco Central’. Que absurdo. O presidente da República pode criticar. O que eu não posso é ser leviano e dizer coisas que não sejam verdadeiras", disse Lula em entrevista à rádio BandNews.

Também nesta quinta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a desaceleração da economia em 2022 está relacionada com uma reação do Banco Central às atitudes do governo Bolsonaro — que elevou gastos em ano eleitoral.

Em entrevista no Palácio do Planalto também nesta quinta, Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento, pediu um "gesto" do Banco Central em relação à taxa de juros, que está em patamar elevado no país.

A taxa básica de juros (Selic), definida pelo Copom, começou 2022 em 9,25% ao ano e terminou em 13,75% — o maior nível em mais de seis anos. O patamar foi mantido na primeira reunião do Copom deste ano.

Além de Tebet, outros integrantes do governo têm pedido a diminuição da Selic pelo Banco Central. Haddad já fez declarações públicas nesse sentido.

No governo, o presidente Lula é quem tem feito as críticas mais pesadas ao BC e ao presidente da instituição, Roberto Campos Neto.

💥️Lula já falou:

A expectativa do mercado financeiro é de que a taxa de juros comece a recuar somente em setembro deste ano, quando passaria para 13,5% ao ano. A projeção é de que a Selic termine 2023 em 12,5% ao ano.

Para definir o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central pode reduzir o juro básico da economia.

A taxa de juros subiu mais de 11 pontos percentuais entre janeiro de 2023 e agosto de 2022. De acordo com o Banco Central, a medida foi necessária para frear a inflação, agravada por eventos como a pandemia da Covid e a invasão da Ucrânia pela Rússia, além de fatores internos.

Com a disparada dos preços, o BC avaliou que era necessário elevar os juros e, assim, reduzir a circulação de dinheiro na economia -- mecanismo que segura a inflação.

Economistas avaliam que a redução dos juros, para não piorar a inflação, deve ser acompanhada de melhorias na economia. O governo precisa dar sinais positivos ao mercado e aos investidores – por exemplo, garantindo responsabilidade fiscal e segurança jurídica.

Isso traria investimentos ao país e manteria as contas públicas sob controle, fatores que contêm a inflação.

O economista Pérsio Arida, um dos pais do Plano Real e integrante da transição do governo Lula, afirmou em novembro que outra condição é a taxa de juros nos Estados Unidos, em tendência de alta. Quanto maior a taxa norte-americana, mas os investidores vão preferir enviar capital para o país, a principal economia do mundo.

“A queda de juros projetada pelo mercado parece razoável, mas depende da política fiscal responsável no Brasil e da taxa de juros americana. São as duas preocupações que podem afetar a taxa de juros mais a frente”, afirmou o economista.

Maurício Godoi, especialista em crédito e professor da Saint Paul Escola de Negócios, afirma que existe uma "conjuntura internacional complexa, com economias desenvolvidas elevando juros e grande volatilidade de moedas no cenário internacional".

"Já pensando em Brasil, temos incertezas em relação ao futuro fiscal e uma expectativa ainda alta de inflação que continuam a trazer um cenário mais conservador. Por isso, a taxa de juros tende a permanecer mais alta no decorrer do ano", avalia.

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