RJ bate recorde de feminicídios em 2022: 1 mulher foi morta a cada 3 dias, diz ISP

O Estado do Rio de Janeiro registrou o número recorde de 110 feminicídios no ano passado, de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP). O dado faz parte do 💥️Dossiê Mulher 2022, que será divulgado nesta quarta-feira (8). O dado é o maior da série histórica do ISP, que começou em 2016, e indica que uma mulher foi morta a cada três dias no ano passado.

O número do ano passado é maior que o de 2023, quando 85 casos foram registrados.

Apenas em janeiro deste ano, 9 casos de feminicídio foram notificados.

O Estado do Rio de Janeiro registrou um número recorde de 110 feminicídios no ano passado, de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP) — Foto: Reprodução/ TV Globo 1 de 7 O Estado do Rio de Janeiro registrou um número recorde de 110 feminicídios no ano passado, de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP) — Foto: Reprodução/ TV Globo

O Estado do Rio de Janeiro registrou um número recorde de 110 feminicídios no ano passado, de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP) — Foto: Reprodução/ TV Globo

Os casos que aconteceram no mês de fevereiro ainda não entraram na estatística do ISP. Um deles é a morte da diarista Pamela Gonçalves de Lima, que foi esfaqueada pelo companheiro em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro e teve o corpo enterrado no quintal de casa. De acordo com a Polícia Civil, André Luiz Brito de Souza confessou o crime após ser preso.

De acordo com familiares da vítima, eles estavam juntos desde 2015, entre idas e vindas, em um relacionamento tumultuado. Amigos contaram que a vítima era agredida por André Luiz.

Pamela Gonçalves de Lima foi morta a facadas pelo companheiro e teve o corpo enterrado no quintal de casa, em Guaratiba — Foto: Reprodução/ TV Globo 2 de 7 Pamela Gonçalves de Lima foi morta a facadas pelo companheiro e teve o corpo enterrado no quintal de casa, em Guaratiba — Foto: Reprodução/ TV Globo

Pamela Gonçalves de Lima foi morta a facadas pelo companheiro e teve o corpo enterrado no quintal de casa, em Guaratiba — Foto: Reprodução/ TV Globo

O Estado do Rio de Janeiro registrou 604 casos de perseguição ou stalking contra mulheres no ano de 2023. Na grande maioria dos casos, em 87,1% das vezes, o crime era cometido por companheiros ou ex-companheiros. O crime foi tipificado no Código Penal há pouco tempo.

“O crime de perseguição nada mais é que quando o autor persegue reiteradamente a vítima. Isso pode acontecer presencialmente, mas temos visto acontecer muito nos ambientes virtuais, que é aquele caso do ex-namorado, do ex-marido que persegue a conta nas redes sociais da namorada, que o tempo inteiro fica ali, colocando mensagens, de maneira a perturbar as emoções dela”, afirmou Marcela Ortiz, diretora-presidente do ISP.

O Estado do Rio de Janeiro registrou 604 casos de perseguição no ano de 2023. A maior parte dos crimes foi cometido por companheiros e ex-companheiros — Foto: Reprodução/ TV Globo 3 de 7 O Estado do Rio de Janeiro registrou 604 casos de perseguição no ano de 2023. A maior parte dos crimes foi cometido por companheiros e ex-companheiros — Foto: Reprodução/ TV Globo

O Estado do Rio de Janeiro registrou 604 casos de perseguição no ano de 2023. A maior parte dos crimes foi cometido por companheiros e ex-companheiros — Foto: Reprodução/ TV Globo

Os casos de violência psicológica tiveram 666 registros em 2023 em todo o Estado do Rio de Janeiro.

“A gente pode dar um exemplo de violência psicológica naqueles casos, muito relatados nas delegacias, em que as mulheres falam que os maridos dizem reiteradamente para ela que não serve para nada, que se ele a largar nunca mais vai encontrar ninguém, que ela não faz nada direito, que tudo o que ela faz está errado. Então, o homem com essas condutas, aparentemente não tão graves, mas reiteradas, ele vai atingindo o lado emocional da vítima, a ponto de a mulher ficar doente”, destacou Marcela.

Os casos de violência psicológica tiveram 666 registros em 2023 em todo o Estado do Rio de Janeiro — Foto: Reprodução/ TV Globo 4 de 7 Os casos de violência psicológica tiveram 666 registros em 2023 em todo o Estado do Rio de Janeiro — Foto: Reprodução/ TV Globo

Os casos de violência psicológica tiveram 666 registros em 2023 em todo o Estado do Rio de Janeiro — Foto: Reprodução/ TV Globo

Além do próprio crime de violência psicológica, outros crimes relacionados tiveram 36.795 registros no Rio de Janeiro em 2023. Estes crimes incluem também ameaça, constrangimento ilegal, humilhação, divulgação de cena de estupro e de registro não autorizado de intimidade sexual, perseguição e violência psicológica.

Estes crimes costumam ser subnotificados, como destaca a diretora-presidente do ISP.

“Esse número pode ser ainda maior porque é um delito novo. Daí a importância de isso ser divulgado, de as mulheres terem conhecimento que esse tipo de comportamento não é normal e ele precisa ser denunciado porque pode ser um primeiro indício de uma violência ainda mais grave”, afirmou Marcela.

Além do próprio crime de violência psicológica, outros crimes relacionados tiveram 36.795 registros no Rio de Janeiro em 2023 — Foto: Reprodução/ TV Globo 5 de 7 Além do próprio crime de violência psicológica, outros crimes relacionados tiveram 36.795 registros no Rio de Janeiro em 2023 — Foto: Reprodução/ TV Globo

Além do próprio crime de violência psicológica, outros crimes relacionados tiveram 36.795 registros no Rio de Janeiro em 2023 — Foto: Reprodução/ TV Globo

Iniciativas tentam ajudar as mulheres a buscar ajuda. Um destes projetos é o Empoderadas, que atua no acolhimento e na prevenção e no enfrentamento da violência contra meninas e mulheres. Mais de 150 mil mulheres em situação de vulnerabilidade foram atendidas.

O programa é da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e conta com 52 polos de atendimento em todo o Rio de Janeiro.

Elas contam com aulas de autodefesa.

“A gente dá dicas de segurança para que essas mulheres não venham a sofrer uma futura agressão”, destaca Nicole Guadalupe, professora do projeto Empoderadas.

Projeto Empoderadas, do Governo do RJ, conta com aulas de autodefesa — Foto: Reprodução/ TV Globo 6 de 7 Projeto Empoderadas, do Governo do RJ, conta com aulas de autodefesa — Foto: Reprodução/ TV Globo

Projeto Empoderadas, do Governo do RJ, conta com aulas de autodefesa — Foto: Reprodução/ TV Globo

O objetivo é que as mulheres que fazem parte do curso saibam se desvencilhar em uma situação de perigo.

“A autodefesa. Porque a gente não fala que é defesa pessoal pois, na defesa pessoal, ela luta com o agressor. Você vai revidar a agressão. A gente não revida. A gente se desvencilha e procura rota de fuga”, explicou Nicole.

As alunas passam por várias aulas com ação prática.

“A gente ensina técnicas de desvencilhamento de puxão no cabelo, de agarrão pelo braço, quando eles jogam você no chão. A gente ensina todas essas técnicas”, disse Nicole.

A maquiadora Flor Aguiar conheceu o programa por acaso, com uma amiga.

“Se me segurar, já sei me defender. Se tentar me segurar aqui, vai ser assim, não vai conseguir. Eu sei me safar”, disse Flor.

Projeto do Governo do Rio de Janeiro ensina autodefesa para mulheres — Foto: Reprodução/ TV Globo 7 de 7 Projeto do Governo do Rio de Janeiro ensina autodefesa para mulheres — Foto: Reprodução/ TV Globo

Projeto do Governo do Rio de Janeiro ensina autodefesa para mulheres — Foto: Reprodução/ TV Globo

Além da autodefesa, a iniciativa conta com acompanhamento psicológico, jurídico e profissionalizante.

“Às vezes, a gente não consegue nem dar aula de tatame. A gente dá aula em que elas querem só falar. Então, a gente fica para ouvir e dar acolhimento para essas mulheres. Sem julgar, sem nada. A maior parte do nosso programa é acolhimento”, afirmou.

Josi Félix, que é educadora física, foi vítima de violência doméstica.

“Eu consegui encontrar gente de verdade que abraçou a minha causa, abraçou a minha dor, abraçou a minha alma”, disse Josi.

Ela conta que conseguiu superar o trauma.

“Quando você sabe como se defender, quando você tem técnica para se defender, você sai mais confiante. Você pode encarar o mundo lá fora. Aí você não tem medo de nada”, completou Josi.

Qualquer mulher pode participar do programa, não precisa ter passado por algum tipo de violência. Meninas com idade a partir de 12 anos podem participar do programa. Em alguns casos, as mães levam as filhas para o projeto.

“A gente sempre diz que empoderamento é o mesmo que informação. A partir do momento que a mulher conhece os direitos dela, conhece quais são as formas de violência. Ela consegue identificar e consegue prevenir também”, afirmou Nicole.

No Dia Internacional da Mulher, o programa Empoderadas vai estar em estações do Metrô Rio e dos trens da Supervia orientando as passageiras sobre as redes de apoio para mulheres vítimas da violência. Na Central do Brasil, as professoras vão ensinar técnicas de autodefesa em um tatame gigante.

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