Bolsonaro aplaudido de pé por discurso pró-armas e antivacinas em conferência nos EUA 24
Durante cerca de 20 minutos, Bolsonaro discursou na Conferência da Ação Política dos Conservadores (CPAC, na sigla em inglês), em Washington, perante uma plateia efusiva, que aplaudiu o líder de extrema-direita a cada frase dita, incluindo quando se congratulou por ter sido o “último Presidente” do mundo a reconhecer a vitória de Joe Biden nas eleições norte-americanas e por se opor à ciência.
“Sou o ex mais amado do país. Sempre defendi a liberdade, não obriguei ninguém a vacinar-se no Brasil. Há certos assuntos no Brasil que são proibidos de ser abordados, e um é a vacina. Dizem o tempo todo: ‘ciência, ciência, ciência’ e eu digo: ‘liberdade, liberdade, liberdade'”, afirmou o ex-chefe de Estado.
“Do fundo do meu coração, como é gratificante ser recebido desta forma calorosa em qualquer lugar do Brasil e do mundo. […] Tive muito mais apoio [na campanha eleitoral] em 2022 do que em 2018, não sei porque é que os números [eleitorais] mostraram o contrário”, disse, insinuando novamente que existiu fraude eleitoral, sem apresentar provas e apesar de as autoridades brasileiras o negarem.
Jair Bolsonaro encontra-se em solo norte-americano desde final do ano passado, para onde viajou antes da tomada de posse de Luiz Inácio Lula da Silva, que o derrotou nas anteriores eleições presidenciais do país.
Desde então, Bolsonaro tem aproveitado a sua permanência no estado da Florida para dar palestras em igrejas evangélicas ou para fazer transmissões nas redes socais com críticas a Lula da Silva.
A participação na CPAC será uma oportunidade para Jair Bolsonaro se encontrar com o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, de quem é um confesso admirador e que discursará também hoje na conferência ultraconservadora.
“O meu relacionamento com Trump foi sempre excecional. Quero ter o prazer de daqui a pouco assisti-lo a subir a este palco. Fui o último Presidente a reconhecer as eleições de há dois anos nos Estados Unidos e continuo fiel aos nossos princípios, ao nosso lema, ‘Deus, Pátria, Família e Liberdade'”, declarou o político brasileiro.
Virando o seu discurso para um dos pontos mais defendidos pelos ultraconservadores norte-americanos – o direito à posse e porte de armas -, Bolsonaro afirmou que essa sempre foi uma das prioridades do seu Governo.
“Sempre concedi acesso e porte de armas de fogo. Contudo, a primeira medida deste ‘novo velho’ Governo foi remover os meus decretos. Eu sempre disse no Brasil: ‘povo armado jamais será escravizado’ e ‘país armado jamais será subjugado'”, afirmou, recebendo um forte apoio da plateia.
O antigo mandatário brasileiro aproveitou ainda para elogiar os “líderes” Republicanos presentes no evento, reforçando que “o povo precisa de liderança”.
O discurso de Bolsonaro englobou ainda referências à religião e a Deus, assim como à Amazónia, convidando todos os presentes na CPAC a visitar essa floresta, de forma a verem com os seus próprios olhos a realidade, ao invés “do que a imprensa mostra”.
“Sempre admirei o povo americano. O Brasil é importante para o mundo, hoje mais de mil milhões de pessoas dependem de nós para comer. Só o Brasil tem nióbio, temos água potável em abundância, temos uma Amazónia que pertence aos brasileiros. Convido-os a visitar a Floresta Amazónia, vão conhecê-la como ela é e não como a imprensa diz”, advogou.
“Somos um país de paz. E eu fosse Presidente não teríamos estes problemas com os navios iranianos”, acrescentou, referindo-se à polémica de a Marinha do Brasil ter autorizado que dois navios de guerra iranianos atracassem no Rio de Janeiro, apesar da solicitação dos Estados Unidos de que o Governo brasileiro negasse o pedido.
Antes de Bolsonaro, também o seu filho e deputado federal brasileiro, Eduardo Bolsonaro, subiu ao palco nesse encontro de ultraconservadores, numa palestra intitulada “A ameaça vermelha chega às Américas”, ao lado de Mercedes Schlapp, ex-conselheira estratégica da Casa Branca, e Eduardo Verastegui, da CPAC do México.
A CPAC é organizada pela American Conservative Union (ACU) e decorre anualmente desde 1974. A organização descreve-a como “o maior e mais influente encontro de conservadores do mundo”, que junta centenas de grupos, ativistas e líderes do movimento.
O evento permite a uma série de políticos e personalidades dirigirem-se diretamente ao público conservador e inclui uma votação informal que serve como barómetro da opinião dos participantes em relação a possíveis candidatos.
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