Sob pressão, Powell deve manter o discurso sobre “meio de ciclo”
Ele provavelmente concordará com a possibilidade de que as tensões comerciais piorem a desaceleração econômica global e façam com que mais cortes nos juros sejam necessários (Imagem: REUTERS/Jonathan Crosby)
O chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, irá ao encontro de Jackson Hole em meio à discordância dentro do banco central norte-americano acerca da política monetária apropriada e a pressão externa por mais cortes de juros.
Ao navegar nessa divisão, é improvável que Powell use seu discurso na sexta-feira, no simpósio econômico anual do Fed de Kansas City, para se desviar muito da mensagem que enviou no mês passado depois que o Fed cortou a taxa de juros pela primeira vez em uma década: de que trata-se de um “ajuste de meio de ciclo”, e não o início de um ciclo de cortes dos juros.
Ele provavelmente concordará com a possibilidade de que as tensões comerciais, que se intensificaram desde a reunião de política monetária de 30 e 31 de julho, piorem a desaceleração econômica global e façam com que mais cortes nos juros sejam necessários.
Mas ele também deve tentar garantir que não seja visto como alguém que cede diante de repetidos ataques do presidente Donald Trump por não afrouxar ainda mais a política monetária, ou se render a um mercado de títulos em que os investidores parecem estar apostando fortemente que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) acabará fazendo isso.
Desde o encontro anual em agosto passado no Grand Teton National Park, Powell tem enfrentado um terreno cada vez mais difícil, tanto política quanto economicamente.
Trump tem ampliado as críticas ao Fed e a Powell, que foi escolhido pelo presidente no final de 2017 para chefiar o banco central.
Na semana passada, Trump chamou Powell de “sem noção” e pressionou o Fed a reduzir os custos dos empréstimos em 1 ponto percentual para impulsionar a economia, que está sentindo o peso da guerra comercial entre Estados Unidos e China.
Os colegas de Powell dentro do Fed não estão nem perto de um amplo consenso sobre como proceder. O chairman reuniu uma maioria entre as autoridades com voto para apoiar o corte de taxa de juros do mês passado, mas a ata da reunião divulgada na quarta-feira mostrou um abismo mais amplo dentro do comitê do que refletido na decisão.
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