Guerra comercial entre EUA e China arruina sojicultores da Dakota do Norte
Para a Dakota do Norte, perder a China destruiu uma fonte básica de receitas
A Dakota do Norte apostou mais alto que qualquer outro Estado norte-americano na demanda chinesa por soja.
A indústria da área, localizada no extremo noroeste do cinturão agrícola dos Estados Unidos, próxima aos portos do Pacífico, gastou milhões de dólares em armazenamento de grãos e infraestrutura ferroviária enquanto ampliava o cultivo da oleaginosa em cinco vezes ao longo de 20 anos.
Agora, conforme a maior importadora mundial de soja evita o mercado norte-americano pela segunda temporada consecutiva, os agricultores da Dakota tentam se recuperar da perda de um cliente que passaram duas décadas cultivando.
A experiência do Estado ressalta o impacto desigual da guerra comercial com a China ao longo dos EUA. Embora as tarifas chinesas tenham como alvo diversos Estados que, como a Dakota do Norte, apoiaram o presidente Donald Trump na eleição de 2016, aqueles localizados mais a sul e a leste possuem maior capacidade para escoar o excedente de soja para outros mercados, como México e Europa. Eles também contam com mais unidades de esmagamento para a produção de farelo de soja, além de indústrias maiores de gado e aves para o consumo.
Para a Dakota do Norte, perder a China & compradora de cerca de 70% da soja do Estado& destruiu uma fonte básica de receitas. A agricultura é a principal indústria da Dakota do Norte, à frente da energia, representando cerca de 25% de sua economia.
“A Dakota do Norte provavelmente recebeu um golpe maior que qualquer outro com a situação comercial com a China”, disse Jim Stutter, CEO do conselho norte-americano de exportação de soja.
A China interrompeu todas as aquisições agrícolas junto aos EUA em 5 de agosto, depois de Trump intensificar o conflito com ameaças de impor tarifas adicionais a 300 bilhões de dólares em importações chinesas a partir de 1º de setembro.
Alguns produtores contavam com o pacote de ajuda agrícola do governo Trump, de 28 bilhões de dólares, para compensar os prejuízos causados pela guerra comercial, mas acabaram decepcionados com as taxas de pagamento para os condados da Dakota do Norte, já que o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) determinou que outros Estados possuem maior “nível de exposição” às tarifas, por também cultivarem outras safras atingidas pela medida, como algodão e sorgo.
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