Powell diz que Fed não é a causa dos problemas econômicos; mercado quer uma ação
Fed abriu espaço para um corte de juros de 25 pontos-base em setembro (Imagem: Andrew Harrer/Bloomberg)
Embora 💥️Jerome Powell, presidente do 💥️Federal Reserve (Fed), tenha culpado a política comercial do presidente dos 💥️EUA, 💥️Donald Trump, pelos contratempos econômicos do país, dizendo que o banco central pouco poderia fazer a esse respeito, seu pronunciamento na sexta-feira abriu espaço para um corte de juros de 25 pontos-base em setembro, como era amplamente esperado pelos investidores.
“Apesar de a política monetária ser uma ferramenta poderosa para respaldar os gastos dos consumidores, o investimento empresarial e a confiança pública, ela não pode oferecer um livro de regras definitivas para o comércio internacional”, declarou Powell no simpósio anual do Fed da Cidade do Kansas, em Jackson Hole, Wyoming. Os mercados pareceram concordar.
As ações despencaram no final do dia depois que Trump ameaçou tomar outras ações contra a China. Mas isso não significa que os investidores vão deixar o Fed fora de perigo.
Dois terços dos investidores dos futuros dos fundos federais esperam pelo menos um corte de 25 pontos base em outubro, após o esperado corte da mesma proporção em setembro. E Powell não está fazendo nada para desestimular essa especulação. “Vamos tomar as devidas ações para sustentar a expansão”, afirmou Powell depois de suas ressalvas sobre os limites do que a política monetária pode fazer.
Ninguém, entretanto, culpa o Fed pela guerra comercial contra a China, pela perspectiva cada vez mais maior de um Brexit sem acordo, pela desaceleração econômica na China e na Alemanha, pelos protestos em Hong Kong ou pelo colapso do governo italiano. Mas suas queixas pareciam ter a intenção de evitar que o Fed fosse usado como bode expiatório por Trump, que continuou atacando a política do Fed na sexta-feira, questionando, no Twitter, quem seria o maior inimigo da economia norte-americana: Powell ou o líder chinês Xi Jinping?
Mesmo que a função do Fed seja reativa, deve responder a esses eventos macroeconômicos, e Powell não tira o corpo fora. “Os participantes do comitê geralmente têm reagido a esses acontecimentos e aos riscos citados, ao reduzir suas projeções quanto ao rumo da taxa dos fundos federais”, declarou Powell.
“Além do corte de juros de julho, as mudanças no rumo previsto da política melhoraram as condições financeiras e ajudaram a explicar por que a perspectiva de inflação e emprego continua amplamente favorável.”
A reunião de julho não incluiu os materiais de projeção trimestral, como o gráfico de pontos das previsões para a taxa dos fundos federais, mas junho já apresentou uma forte redução em relação a março, com cerca de metade dos participantes esperando um corte maior para 1,75-2,00 antes do fim do ano.
É praticamente certo que esse gráfico mostre uma redução adicional de expectativas em setembro, talvez em consonância com as previsões levemente mais baixas dos mercados de mais dois cortes, para 1,50-1,75 até o fim do ano.
Alguns membros menos moderados do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) têm demonstrado sua resistência a outros cortes. Às margens da conferência de Jackson Hole, a chefe do Fed de Cleveland, Loretta Mester, declarou que acreditava que as taxas de juros estavam perto do nível certo naquele momento. Ela não é membro votante do painel neste ano, mas disse ter sido contra o corte de juros de julho, juntamente com outros dois chefes regionais, Esther George, da Cidade do Kansas, e Eric Rosengren, de Boston.
Patrick Harker, chefe do Fed de George e Filadélfia, também expressou resistência a outros cortes (Harker não vota neste ano). Robert Kaplan, chefe do Fed de Dallas, que também não vota, ficou em cima do muro, afirmando que preferiria não realizar um corte em setembro, mas continuaria com a mente aberta. James Bullard, presidente do Fed de St. Louis, que é votante e costuma oscilar em relação aos cortes, afirmou que a curva de juros invertida não é um bom lugar para estar, indicando um corte na taxa referencial.
Não que nada disso seja realmente importante. Powell parece estar inclinado a um corte e terá ao seu lado cinco membros do conselho de governadores, além de John Williams, chefe do Fed de Nova York. Pode ser que Bullard também vote a seu favor.
Depois disso, o fato é que o Fed deverá dançar conforme a música se a economia titubear por qualquer razão. Além dos comentários vacilantes de Powell ou das opiniões dos chefes regionais, os investidores estarão focados nisso.
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