“Mania vegana” não assusta gigantes de carnes
“Estamos vendo crescimento em todas as regiões, inclusive nos países desenvolvidos”, disse Tomazoni, presidente da JBS (Foto: Money Times)
Os hambúrgueres veganos podem estar na moda, mas isso não significa que as grandes produtoras de carne globais estejam preocupadas com a demanda.
Os principais executivos da 💥️JBS e da 💥️BRF dizem que a demanda global por proteína animal continuará aumentando por décadas, impulsionada pelo aumento de renda e crescimento populacional em países em desenvolvimento, como China e Índia.
Com o aumento do consumo de proteínas estimado em mais de 70% até 2050, segundo projeções das Nações Unidas, as perspectivas de longo prazo permanecem positivas para o setor de carnes, disseram Gilberto Tomazoni, da JBS, e Lorival Luz, da BRF, em evento da Bloomberg em São Paulo.
“Estamos vendo crescimento em todas as regiões, inclusive nos países desenvolvidos”, disse Tomazoni, presidente da JBS. “É fato.”
A maior preocupação dos consumidores quanto à saúde, bem-estar animal e meio ambiente tem causado uma forte mudança no mundo das proteínas, já que as tradicionais processadoras de carne enfrentam crescente concorrência de produtos à base de plantas fabricados por empresas como Impossible Foods e Beyond Meat.
O setor de carne bovina tem sido responsabilizado por contribuir para o aquecimento global com a emissão de metano, e o gado criado em pastagens é citado como a principal causa do aumento do desmatamento na Amazônia.
Os executivos afirmam que os produtos vegetais provavelmente terão um papel complementar para atender à crescente demanda por proteínas. Isso deve criar uma oportunidade para empresas tradicionais diversificarem os seus portfólios, disse Luz, CEO da BRF.
Os produtores de carne também têm se esforçado mais para aumentar a sustentabilidade do que muitos consumidores imaginam, segundo os executivos. As empresas precisam fechar a lacuna entre percepção e realidade quando se trata de preocupações ambientais e bem-estar animal, disseram. Tanto a JBS como a BRF têm políticas que evitam a compra de gado de áreas recém-desmatadas.
“Muita coisa está sendo feita, mas não comunicamos bem”, afirmou Luz.
Enquanto isso, a propagação da peste suína africana deve trazer mudanças a longo prazo para o setor global de proteínas, segundo os executivos.
A doença tem dizimado plantéis de suínos na China, o maior consumidor mundial de carne de porco. Ainda assim, é provável que o impacto sobre a demanda seja temporário, e não estrutural, já que o país asiático poderá, eventualmente, restaurar os níveis normais de produção.
Os EUA devem se beneficiar do aumento da demanda chinesa, mesmo que as exportações americanas de carne suína sejam reduzidas devido às tarifas impostas pela guerra comercial.
Produtores da Europa e do Brasil estão redirecionando suas exportações para a China, o que abrirá uma lacuna de fornecimento em outros mercados, incluindo Japão e Coreia do Sul, disse Tomazoni. A JBS também aproveita sua presença na Austrália, que lhe deu acesso privilegiado ao mercado chinês de carne bovina.
A escassez de proteínas na China por causa da peste suína deve aumentar os acordos comerciais bilaterais como parte dos esforços do país asiático para diversificar as alternativas de fornecimento e manter a inflação de alimentos sob controle, disse Tomazoni.
A China também deve acelerar os investimentos para aumentar a escala e a segurança da produção, reduzindo a dependência do país de pequenos produtores, segundo Luz.
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