Ex-governadores do RJ Garotinho e Rosinha são presos por suspeita de propina
O casal foi preso em casa, no Rio de Janeiro, pela Polícia Civil (Imagem: REUTERS/Sergio Moraes)
Os ex-governadores do Rio de Janeiro Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho foram presos nesta terça-feira acusados de receberem propina milionária da construtora Odebrecht em obras realizadas na cidade de Campos Goytacazes (RJ), reduto eleitoral da família Garotinho.
O casal foi preso em casa, no Rio de Janeiro, pela Polícia Civil, e levado para prestar depoimento na Cidade da Polícia.
Garotinho chegou a ser candidato ao governo fluminense no ano passado, mas teve a candidatura barrada pelas autoridades eleitorais. Ele já foi preso e solto em outras oportunidades por diferentes acusações.
Dessa vez, a denúncia aceita pela 2ª Vara Criminal da Comarca de Campos dos Goytacazes apura superfaturamento em contratos celebrados entre a prefeitura da cidade e a Odebrecht para a construção de casas populares durante os dois mandatos de Rosinha como prefeita de Campos (2009/2016).
“Os bastidores dos contratos celebrados entre o município de Campos e a Odebrecht foram revelados após declarações prestadas ao Ministério Público Federal por dois executivos da empresa… por ocasião da formalização de acordo de colaboração, dentro da operação Lava Jato.
A partir das informações prestadas, verificou-se que os procedimentos licitatórios para a construção das moradias foram flagrantemente direcionados para que a Odebrecht se sagrasse vencedora” disse o Ministério Público do Rio de Janeiro em nota.
“Somadas, as licitações ultrapassaram o valor de 1 bilhão de reais custeados pelos cofres públicos municipais, sendo certo que as contratações foram superfaturadas e permeadas pelo pagamento sistemático de quantias ilícitas, em espécie, em favor dos ex-governadores”, acrescentou o MPRJ.
Segundo a promotora Ludmila Rodrigues, a Odebrecht pagou um total de 25 milhões de reais em propina no esquema das obras em Campos, e o valor teria sido dividido pelo casal Garotinho com outras três pessoas acusadas de envolvimento na fraude, que também foram presas na ação desta terça-feira.
O advogado dos ex-governadores, Vanildo José da Costa Junior, disse que vai pedir a liberdade de Garotinho por meio de um habeas corpus. “A fundamentação da prisão é frágil, não tem sustentação e não há motivos para achar que o Garotinho pudesse querer atrapalhar qualquer coisa“, disse à Reuters.
“Não justifica a prisão, ainda mais de uma pessoa com problemas de saúde, com dois stents no coração e que sofre de depressão. Garotinho vem sendo vítima de perseguição política e é mais um caso claro de abuso de autoridade“, acrescentou.
Procurada, a Odebrecht afirmou em nota que tem colaborado “de forma permanente e eficaz” com as autoridades em busca do pleno esclarecimento de fatos do passado.
“Hoje, a Odebrecht está inteiramente transformada. Usa as mais recomendadas normas de conformidade em seus processos internos e segue comprometida com uma atuação ética, íntegra e transparente.”
Garotinho foi governador do RJ de 1999 a 2002, quando deixou o cargo para disputar a eleição presidencial daquele ano. Rosinha foi governadora de 2003 a 2007.
Com as prisões de Garotinho e Rosinha, agora são quatro ex-governadores do RJ presos no momento. Além do casal, também estão presos os ex-governadores Luiz Fernando Pezão e Sérgio Cabral.
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