Shell busca projetos “competitivos” de energia renovável no Brasil, diz CEO
A estratégia da Shell tem sido adotada também por outras petroleiras, e rivais como a norueguesa Equinor e a francesa Total (Imagem: REUTERS/Bruno Kelly)
A petroleira Shell está em busca de projetos “competitivos” de energia renovável no Brasil, em movimento que acompanha estratégia global de diversificar a atuação para além da indústria de petróleo e gás, de olho em uma esperada transição energética rumo a fontes de baixo carbono, disse nesta quinta-feira o presidente da empresa no país, André Araujo.
Ao participar de evento do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds) em São Paulo, o executivo afirmou que a companhia anglo-holandesa está fortemente comprometida com a redução de emissões de carbono, mas destacou que há uma natural disputa por capital entre projetos de investimento na organização, que tem presença global.
“Os projetos têm que ser todos competitivos. Nossas escolhas não vão ser simplesmente porque preciso ter um ‘selo verde’ no meu quadro de investimentos. A gente está olhando diversas alternativas. Lá fora o grupo tem sido bastante ativo”, afirmou Araujo durante a conferência.
Leilões do governo brasileiro para contratar novos projetos de geração têm registrado forte queda nos preços pagos pela produção de usinas eólicas e solares, em meio à acirrada competição entre investidores pelos contratos de longo prazo oferecidos para viabilizar a implementação das usinas.
Os preços para projetos fotovoltaicos bateram mínima histórica no país em leilão em junho, enquanto eólicas se aproximaram de um recorde negativo registrado no ano anterior, em tendência que já leva alguns investidores a buscar alternativas para obter retornos maiores, como a venda da produção dos parques no chamado mercado livre de eletricidade.
“Estamos com um time forte de novos negócios buscando projetos competitivos, que façam sentido. A gente sabe que a companhia vai ter que encontrar novos caminhos além do que a gente faz e continua fazendo, que é a exploração de petróleo e gás offshore”, disse Araujo mais tarde, a jornalistas.
Ele não quis fazer uma projeção sobre quando a Shell pode realizar seu primeiro investimento em energia limpa no Brasil.
A estratégia da Shell tem sido adotada também por outras petroleiras, e rivais como a norueguesa Equinor e a francesa Total inclusive já realizaram seus primeiros investimentos em renováveis no Brasil, em projetos solares e eólicos. A estatal Petrobras, por outro lado, já opera uma usina eólica, mas não pretende avançar no setor de energia limpa no momento a não ser com pesquisas, segundo fala recente do presidente da companhia, Roberto Castello Branco.
A Shell criou uma área de “novas energias” para avaliar esses negócios, com foco a princípio em energia solar. A unidade é liderada pela ex-gerente da desenvolvedora de projetos e fabricante de equipamentos solares First Solar no Brasil Maria Gabriela da Rocha.
“Temos essa divisão de novas energias… a quantidade de opções e escolhas talvez nesse momento seja um dos maiores desafios da organização, pela quantidade de projetos e como você vai escolher os caminhos. Ao final, são muitas alternativas”, disse Araujo durante sua apresentação.
Ele afirmou ainda que a Shell tem investido globalmente quase 3 bilhões de dólares por ano em “novas energias”, ante uma meta inicial de entre 1 bilhão e 2 bilhões de dólares. Ele citou como exemplos aportes feitos pela Shell em empresas de painéis solares e em geração de energia eólica offshore, em alto mar.
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