Relator do pacote anticrime diz que proposta nada tem a ver com o caso Ágatha

Capitão Augusto 2

Segundo deputado, trecho do projeto que permite redução de pena ou que a mesma não seja aplicada no caso de assassinato, em legitima defesa, é voltado para os civis (Imagem: Michel Jesus/Câmara dos Deputados)

O relator do grupo de trabalho da Câmara dos Deputados que analisa o pacote anticrime, deputado Capitão Augusto (PL-SP), disse que a proposta de ampliação do excludente de ilicitude prevista na proposta do ministro Sérgio Moro não tem nenhuma relação com o caso da menina Ágatha Félix, morta com uma bala perdida durante operação policial na favela do Alemão, no Rio.

“Uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra. Dizer que os policiais seriam beneficiados nesse caso é uma aberração, uma covardia, não passa de demagogia, populismo e má-fé”, disse. Segundo ele, a proposta de Moro não beneficia policiais.

A proposta de Moro (PL 882/19) permite que o juiz reduza a pena até a metade ou deixe de aplicá-la, se o excesso decorrer de escusável medo, surpresa ou violenta emoção.

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“Policial não tem medo nem surpresa nem violenta emoção. Essa regra se aplica a civis. O policial é treinado para lidar com essas situações”, afirmou.

O deputado afirmou ainda que a proposta beneficiaria, por exemplo, o cunhado da apresentadora Ana Hickmann, que matou um assaltante durante um confronto e foi acusado de homicídio doloso.

“Desfigurado”

Sobre o pacote anticrime, o deputado disse que houve alguns avanços durante a análise pelo grupo de trabalho, como a previsão de um banco genético, um banco balístico e o aumento do período de reclusão de 30 para 40 anos. Entretanto, afirmou que houve alguns retrocessos, como a exclusão da prisão após o julgamento em segunda instância.

“De forma geral, o pacote foi desfigurado pelo grupo, composto por 16 deputados, dos quais a grande maioria  é contrária à essência do pacote, que é o endurecimento da legislação penal”, afirmou.

Ele disse que existe a expectativa de recompor o pacote na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) ou no Plenário.

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