Church of England vende ações da Vale por “questão ética”
A Church of England vetou os investimentos na mineradora através de um processo de exclusão ética, segundo Adam Matthews, diretor de ética e engajamento no conselho de pensões da igreja
A Church of England se desfez das ações da 💥️Vale, e não parece que a mineradora voltará para a carteira de investimentos da igreja em breve.
A instituição vendeu suas ações na Vale depois que o rompimento da barragem de rejeitos em Brumadinho matou pelo menos 249 pessoas em janeiro. A Church of England também vetou os investimentos na mineradora através de um processo de exclusão ética, segundo Adam Matthews, diretor de ética e engajamento no conselho de pensões da igreja.
Há um “longo caminho a percorrer” antes que a igreja decida voltar atrás, disse Matthews por telefone antes da Cúpula das Américas do Financial Times, realizada no Rio de Janeiro, onde o executivo fará uma apresentação.
“Obviamente, precisamos ver o resultado de várias investigações”, disse Matthews. “Também precisamos entender melhor que a empresa fez todo o possível para garantir que a comunidade local seja apoiada e compensada & na medida do possível & e, nesse ponto, faremos um julgamento, mas acho que está muito longe.”
A Church of England tem estado na vanguarda de um movimento de desinvestimentos visando empresas que não respeitam regras ambientais e não combatem as mudanças climáticas. Embora a participação total da instituição na Vale fosse inferior a 10 milhões de libras (US$ 12,5 milhões), a decisão destaca como investidores têm se mobilizado para pressionar as empresas a aderirem aos padrões ambientais.
O rompimento na barragem da Mina do Feijão foi o segundo desastre envolvendo a Vale desde 2015. Naquele ano, a Samarco Mineração, joint venture entre a Vale e a BHP, despejou bilhões de litros de rejeitos em Mariana, no que foi considerado o pior desastre ambiental do Brasil. A produtora de minério de ferro aguarda atualmente uma licença ambiental para retomar as operações.
A Church of England escreveu para a Vale e mais de 700 outras empresas solicitando detalhes de todas as operações de barragens de rejeitos e também a divulgação completa de suas respostas como parte da Iniciativa de Segurança para Investidores em Mineração e Rejeitos. Representantes da igreja também se encontrarão com a Vale em algumas semanas em Londres, a pedido da empresa, para discutir o assunto, disse Matthews.
“A gestão de rejeitos não é apenas uma questão relacionada à Vale, embora obviamente agora tenhamos dois desastres ligados especificamente a essa empresa”, afirmou. “É um problema global que tem implicações em várias jurisdições, e estamos analisando como corrigir esse problema em toda a mineração.”
A mineradora disse que planeja investir R$ 11 bilhões nos próximos cinco anos em um método a seco para processamento de minério de ferro (Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil)
A Vale enfrenta maior controle do governo após os dois desastres. As barragens a montante devem ser fechadas ou drenadas até 2027, informou a Agência Nacional de Mineração no mês passado. A mineradora disse que planeja investir R$ 11 bilhões nos próximos cinco anos em um método a seco para processamento de minério de ferro, o que elimina a necessidade de barragens de armazenamento de resíduos úmidos, que oferecem maior risco.
Investidores e empresas se alinham às mudanças climáticas de maneiras que remodelarão a energia e a mineração nos próximos anos. A Church of England desempenhou um papel importante ao pressionar a Royal Dutch Shell a reduzir o carbono em seu portfólio e também outras empresas para que divulguem mais informações sobre suas atividades de lobby.
“Sentimos que o desinvestimento tem um papel, mas não acreditamos apenas em desinvestir em todo o setor e em ir embora”, disse Matthews. “Não nos afastamos do setor de petróleo e gás, não nos afastamos do setor de mineração. Achamos que há potencial para empresas desses setores fazerem a transição.”
Mas, quando está claro que algumas empresas não têm um caminho a seguir, a igreja está disposta a usar o desinvestimento por razões financeiras e éticas, acrescentou.
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