Safra do Mato Grosso pode sofrer menos com rodovias federais, mas não com as estaduais
Acesso aos portos para escoamento da safra devem enfrentar os velhos desafios de sempre com as chuvas de verão
O plantio da soja já começou e de dezembro a fevereiro o Mato Grosso deverá escoar para os portos parte considerável das mais de 32 milhões de toneladas que são esperadas na safra 19/20, mantido o ciclo dentro de condições climáticas ideais. E é bem possível que esta seja uma temporada com poucos problemas na logística de gestão federal, mas ainda restando as rodovias estaduais como gargalos intransponíveis.
Também aqui se torce para as chuvas serem mais cordiais neste verão, como sempre, para não se repetir aquelas longas e duradouras filas de caminhões atolados.
Edeon Vaz Pereira, que acompanha de perto a situação por dever de ofício, avalia que a rodovia federal mais complicada na safra passada, a BR 163, no trecho de Novo Progresso e Moraes de Almeida, no Pará, esteja melhor resolvida daqui para frente. Diretor-executivo do Movimento Pró-Logística (MPL), lembra que o Exército assumiu a pavimentação de trecho em aclive que com as chuvas torrenciais paralisaram por dias o trânsito, bloqueando as mercadorias que iam para os portos do Norte do País.
Atenção desta vez, alerta ele, é para a BR 158, que corta uma área indígena entre Barra do Garças e Vila Rica, no Mato Grosso. Na parte interna da reserva ainda as obras não começaram e o seu contorno precisa se cascalhado o quanto antes, “mas estamos confiantes que o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) vai cuidar disso a tempo”.
A mesma malha, no lado paraense, alguns trechos ainda não foram pavimentados, além de pontes de madeira precisariam ser trocadas entre Redenção e Marabá, ainda segundo o MPL. Este é outro trajeto de circulação da soja do Mato Grosso – em torno de 4 milhões de toneladas – e mais um pouco de milho e algodão das safras verão, rumo aos terminais portuários do Arco Norte. Também por aí passa parte das safras de Goiás e do Tocantins.
Quanto aos portos do Arco Norte – Itacoatiara, no Amazonas, Santarém e Barcarena, no Pará, e Itaqui, no Maranhão -, Edeon Vaz Pereira não vê falta de capacidade para embarcar os produtos agrícolas, dados os investimentos privados realizados, especialmente no Maranhão. O problema é ao acesso a eles.
E, nesse caso, tirando os menores desafios das estradas federais para esta temporada, a situação de alerta para os produtores do Mato Grosso, maior estado agrícola brasileiro, fica por conta dos cerca de 24 mil kms de rodovias estaduais não pavimentadas. Apenas 6,5 mil kms o estado tem de asfalto.
As interligações com os corredores federais para o Norte, bem como as intersecções com as rodovias do Mato Grosso do Sul e Goiás, para acessar os portos de Santos e Paranaguá, é que serão elas.
“Torcemos contra as chuvas pelo menos durante a colheita”, completa o diretor-executivo do MPL, mantido com recursos da Aprosoja (soja e milho) e Ampa (algodão), do Mato Grosso, e que subsidia os governos com estudos e fiscalização.
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