Aventura da produção de azeitonaazeite vira negócio e atrai investidores de outras áreas & Parte 1
Azeitonas do Sul de Minas destinadas ao mercado de azeite de oliva em setor que busca maturidade profissional (Assolive)
O Brasil é o segundo maior importador mundial de azeite de oliva, com mais de 60 mil toneladas anuais, mas alguns consumidores mais privilegiados, que podem pagar um pouco mais pelo produto, já estão apreciando o azeite nacional. São os olivais de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, os principais, que já produzem cerca de 5% do consumo nacional.
Das terras gaúchas, na região de Caçapava do Sul, sai a maior parte da safra de 160 mil litros que foram produzidos este ano. Mas a história do setor também pode ser contada pela região de Maria da Fé, nos contrafortes da Serra Mantiqueira de Minas, onde mais de 43 produtores, em pouco mais de 1 mil hectares aproximadamente (entre os associados da Assolive), desafiam o “terreno quebrado”, o aprendizado das técnicas de produção diante da quase ausência de técnicos no Brasil e a comercialização de um produto sem tradição no agronegócio brasileiro.
Entre eles, a Verde Oliva, de Luiz Yamaguti. De três, quatro anos para cá sua produção deixou de atender “vizinhos e amigos”, como de resto acontecia com quase todos os produtores pioneiros, para chegar ao mercado com produto de qualidade. Para sair do amadorismo, o engenheiro vendeu sua empresa de engenharia em São Paulo e virou empresário da agroindústria 100%, em cerca de 50 hectares entre Delfin Moreira e Maria da Fé. Planta e extrai o óleo.
“A maioria dos agricultores familiares encontram dificuldades para entrar na cultura que leva no mínimo cinco anos para produzir, de modo que muitos produtores atualmente são investidores que vieram de outras áreas, se apaixonaram e trouxeram recursos”, explica Yamaguti.
Além do tempo que leva para a produção começar a ganhar escala – portanto o capital fica imobilizado sem gerar receita & o custo de implantação não é baixo. Sem contar os custos de manejo ao longo do tempo, as mudas variam de R$ 8 a R$ 25,00. Quanto menor, mais barata, mas aí leva-se mais tempo para se alcançar o ponto mínimo de 5 anos para produzir.
Com aproximadamente 8 mil oliveiras plantadas, sendo 50% em produção, a Verde Oliva colocou 1 mil tonelada em cerca de 90 pontos de vendas no Brasil. Poderia ter alcançado 6 toneladas se o clima tivesse ajudado a ele e os parceiros da região (enquanto isso, no Rio Grande do Sul, o clima foi mais propício na última safra).
Ocorre também que as duas propriedades do produtor operam no sistema biodinâmico, um passo além do orgânico, contando com sua própria compostagem especial para energizar as árvores. E com certificação nacional e internacional. O método também segura um pouco a produtividade.
Outra característica empregada por Luiz Yamaguti é que dentro do período de colheita, de fevereiro a abril, ele tem uma janela de 20 dias, porque as azeitonas são colhidas mais verdes, “porque privilegio a qualidade”. E isso também reduz o volume produzido.
Enquanto o setor vai amadurecendo, propriedades como a de Yamaguti vão escolhendo seus nichos de mercado, já que não há como competir em custos e volumes com o azeite importado, especialmente do Mediterrâneo.
O aprendizado também é constante. Apesar do apoio da Epamig, a empresa de pesquisa e extensão rural de Minas, responsável pela adaptação de variedades europeias nos solos mineiros, as regras de produção de regiões tradicionais não valem para o Brasil. “Nem as do Rio Grande do Sul valem para nós aqui em Minas e vice-versa”, conta o empresário, que agrega outros produtos ao seu negócio, inclusive importando azeite orgânica também e colocando sua própria marca.
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