Inverno rigoroso tirou suporte de peso e preços do boi gaúcho de campos nativos e de forrageiras
Taurinos do Rio Grande do Sul tiveram baixa conversão alimentar por inverno rigoroso (Imagem: Pixabay)
O que poderia ser um bom momento para a curta boiada do Rio Grande do Sul, inclusive na metade Sul do estado, ainda predominando mais as pastagens, está tendo pouco aproveitamento. Os animais saíram fracos de um rigoroso inverno, o acabamento de carcaça está prejudicado, e com o consumo não exigindo muito, os preços não andam.
O cenário, visto de Santana do Livramento, se estende para toda a faixa de fronteira com Uruguai, tanto quanto no sudoeste com Argentina, subindo mais rumo ao Norte, até o meio do Rio Grande do Sul. “O inverno chegou tarde, mas quando veio foi rigoroso demais, prejudicando tanto os pastos nativos quanto as áreas com forrageiras de inverno (entram depois da colheita da soja)”, explica Dartagnan Carvalho.
Pecuarista puro sangue – ou seja, não planta nada –, e presidente do Núcleo Pampa Gaúcho de Criadores de Hereford e Bradford, ele também acentua as cerca de 50 formações de geadas que a ampla região sofreu.
Os animais passaram muito frio e, com pouca comida, a conversão alimentar das raças taurinas (europeias), predominantes no Sul, foi baixa.
Na média dessa abertura de semana, Carvalho nota o boi a R$ 4,80 o kg, a vaca a R$ 4,30 e o terneiro (bezerro), “esse, sim, está melhor”, a R$ 6,10.
A tradicional pecuária gaúcha, que já foi o carro-chefe do agronegócio regional antes da soja, tem agora duas situações pela frente. Dartagnan Carvalho lembra que quem está só na atividade, pode começar a aproveitar melhor a melhora dos pastos que deve se avolumar, porém vai coincidir, igualmente, com o aumento da oferta em geral. De modo que o produtor pode até ter um acabamento melhor – “eterna briga aqui no Sul, com a indústrias sempre tentando pagar abaixo de 50% de acabamento”, afirma -, ganhará um pouco mais no peso. Mas não tanto em preços.
Situação mais complicada é para os pecuaristas que diversificaram e foram para a soja ou arrendam suas pastagens para sojicultores. Esses têm que tirar o gado logo para as máquinas entrarem e preparem a terra para o plantio da oleaginosa. Isso também vale para os pecuaristas mais ao norte do Rio Grande do Sul.
Vale dizer que contarão com menos tempo para fazer os animais engordarem, explica o invernista e produtor de genética, para quem a sua região de Santana do Livramento ainda conta com 70% de pastos nativos. E 30% já dividem o capim com a soja no verão e as forrageiras no inverno.
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