Brasil já vendeu 25% da 2ª safra de milho, que pode ser recorde, diz FCStone
A FCStone ainda não realizou ainda uma estimativa para a segunda safra de milho 2023/20, cujo plantio só começa no início do próximo ano, após a colheita da soja (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)
O Brasil já comercializou cerca de um quarto da segunda safra de milho 2023/20, que será colhida apenas em meados do próximo ano, com produtores aproveitando as oportunidades de preços e câmbio, embalados por exportações estimadas em recorde em 2023, avaliou nesta quarta-feira analista da consultoria e corretora INTL FCStone.
O total já comercializado para a segunda safra 2023/20, cujo plantio pode ser recorde, segundo a FCStone, está à frente do registrado no mesmo período para a temporada 2018/19, quando as vendas antecipadas não chegavam a 20%, disse a analista de mercado Gabriela Fontanari, durante evento sobre estratégias de hedge para fertilizantes utilizando derivativos.
“Com exportações recordes em 2023, a expectativa é de aumento de área da ‘safrinha’ e da produção, isso deve impulsionar as entregas de fertilizantes…”, disse Gabriela, em sua apresentação, que integrou seminário para apresentar novos derivativos de fertilizantes do grupo CME, que podem ser fechados no Brasil por meio da FCStone.
A FCStone ainda não realizou ainda uma estimativa para a segunda safra de milho 2023/20, cujo plantio só começa no início do próximo ano, após a colheita da soja.
Mas, conforme disse a analista, se houver um aumento no plantio da chamada “safrinha” & que na verdade responde quase três quartos da produção brasileira do cereal& , a temporada 2023/20 deixará a máxima histórica de 12,6 milhões de hectares de 2018/19 para trás.
A analista não forneceu dados históricos sobre o ritmo de vendas antecipadas de milho. Mas em Mato Grosso, maior produtor de grãos do Brasil, que lidera as vendas futuras no país, a comercialização da nova safra já passa de 35% do total esperado, em ritmo recorde, segundo pesquisa divulgada no início do mês pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).
O sentimento é favorável, com a relação de troca entre fertilizantes e produtos agrícolas beneficiando os agricultores brasileiros, notou Gabriela, ainda que o plantio de soja tenha começado de forma mais lenta, com menos chuvas em relação às vistas nesta época em 2018.
“Ano passado o plantio foi bastante antecipado, anteciparam as compras para milho safrinha”, acrescentou a analista, avaliando que isso pode resultar em entregas menos antecipadas de insumos para a próxima “safrinha”.
Paralelamente, a FCStone elevou nesta quarta-feira sua estimativa para a primeira safra de milho, para 26,85 milhões de toneladas, ante 26,3 milhões de toneladas na projeção de setembro, o que indica aumento ante as 26,2 milhões de 2018/19, quando o Brasil colheu ao todo, incluindo a “safrinha” uma máxima de cerca de 100 milhões de toneladas.
A estimativa para a safra 2023/20 de soja da consultoria ficou praticamente estável, em 121,4 milhões de toneladas, segundo comunicado divulgado pela consultoria.
No caso da soja, 30% da safra 2023/20 já foi comercializada, disse Gabriela, sem divulgar comparativos.
Boa hora para negócios
Os preços globais dos fertilizantes, que representam 25% dos custos do milho no Brasil, estão mais baixos globalmente em meio a bons estoques nos países importadores como o Brasil e também com uma atípica demanda menor nos EUA, após as enchentes que afetaram o plantio este ano.
Mas os custos com esse insumo podem ficar mais altos no próximo ano, uma vez que grandes produtores cortaram a produção para se adequar ao consumo menor agora.
Essa redução na produção deve resultar em aumento de preços de fosfatados e potássicos já no primeiro trimestre de 2023, indicou a analista.
Em entrevista, o chefe da mesa de fertilizantes da FCStone, Marcelo Mello, observou que, diante da conjuntura atual, é um bom momento para o produtor travar negócios para a próxima temporada (2020/21)
“O MAP, fosfatado de alto teor mais importante utilizado no Brasil, está na menor cotação dos últimos dez anos, em dólar por tonelada, isso é uma oportunidade para travar o custo para a próxima safra verão”, afirmou ele, lembrando que os derivativos da CME poderiam ser utilizados.
“Em vez de comprar um ano antecipado o fertilizante, o produtor pode usar os derivativos e pré-fixar o preço de compra através desse índice e efetuar a compra física só lá para frente.”
Já a analista citou a própria intensificação de compras de fertilizantes para a “safrinha” de milho como fator altista dos preços, além dos cortes de produção de empresas globais.
Questionada, ela disse que se as vendas de todos os fertilizantes no Brasil não superarem este ano o recorde de 35,5 milhões de toneladas de 2018, “devem ficar próximas” desse volume.
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