Mercado futuro joga com aperto na balança do boi, apesar de confinamento maior, e força o dezembro
Oferta maior é entendida como ajustada ante procura maior de carne, no mercado interno e externo, mais a frente (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)
O mercado futuro do boi gordo já precifica o contrato de dezembro contando com um ajuste bem apertado entre oferta e demanda. Novembro também sente o mesmo viés de alta. Embora sejam contratos com menor liquidez, mais ainda nesta quarta (2) de poucos negócios, é sintomática essa elevação diante de um volume de animais de confinamento que deve ser maior, segundo várias análises conhecidas no mercado.
Além do tradicional ganho da tela de maio (os meses 5 e 10 são os mais monitorados), em R$ 1,40/R$172,80, cerca de uma hora antes do fechamento da sessão o dezembro subia mais de R$ 1,00 e o novembro quase R$ 0,50, respectivamente em R$ 168,00 e R$ 167,95. Outubro, que ainda seguia com volume maior negociado (344, em dia fraco, frisa-se novamente, contra 1.620 da véspera), estava em R$ 162,80.
Sem descartar algum ajuste técnico nos próximos dias & diante de uma diferença de R$ 5,00 para mais sobre o outubro & nos quais os vencimentos dos meses 11 e 12 da B3 possam devolver de centavos ou até de R$ 1,00 a 2,00, a Agrifatto entende que o mercado está fazendo a leitura correta.
Mesmo com o segundo giro do confinamento com crescimento de 8%, a entressafra foi severa versus uma demanda forte das exportações, e as novas plantas habilitadas para a China devem começar a aproveitar os embarques nesses períodos. Sem boi de pasto antes de janeiro/fevereiro, se as chuvas – que já deveriam estar mais regulares – não atrasarem, ainda se conta com um ganho sazonal do consumo doméstico em final de ano. Ainda que de tendência comedida.
Gustavo Resende Machado, analista da consultoria, acredita que a baixa nas exportações em setembro, de quase 18% sobre setembro de 2018, não tira a tendência de manutenção das taxas seguidas de alta das vendas externas, até então.
Quanto a 2023, como foi dito, maio na B3 não surpreende a expansão, com os investidores comprando a proximidade da entressafra de boi em 2023. E não estaria ainda, influenciando, a nova metodologia do indicador Cepea/Esalq, que liquida o mês corrente na B3. A mudança tão defendida pelo mercado, ainda de definição não consensual, vai valer a partir de 2 de janeiro.
“Se houvesse alguma contaminação do novo cálculo estatístico do indicador, poderia estar contaminando os vencimentos de janeiro, fevereiro e marco, que estão sem variação”, analisa Machado.
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