Alta da ração será modesta mesmo com as pressões sobre custos, estima sindicato das indústrias
Aves representam o maior percentual do consumo de rações e demanda interna e externa puxarão preços
As exportações de milho estão em alta e da soja começam a melhorar, mas não será o encurtamento da oferta no mercado interno que empurrará os preços das rações. Não há risco de escassez de matéria-prima. A pressão das cotações em alta, do câmbio e inclusive da demanda das indústrias de rações, que nesta época vão mais forte às compras – em momento ainda alinhado à maior demanda dos produtores rurais -, certamente impactarão os valores.
No Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) essa perspectiva é real, embora ainda não se tenha uma visão precisa do aumento tanto dos grãos quanto do produto final. Na Associação Catarinense dos Criadores de Suínos, o presidente Losivânio de Lorenzi considera que a majoração média das rações foi de 5%.
Mas Ariovaldo Zani, vice-presidente executivo do Sindirações, acredita que os números serão modestos, tanto pela dificuldade de repasse pelas indústrias quanto pela menor elasticidade da produção, “embora nossos custos de produção terem aumentado”.
A soja tem apostas para US$ 9,50 o bushel e o milho na casa de quase R$ 40 a saca, mesmo com uma produção recorde de praticamente 100 milhões de toneladas. A safra dos Estados Unidos também pesa na precificação neste momento, em que o a soja no Brasil está sendo plantada e o milho safrinha (de inverno) está sendo comercializado.
“Apesar do final de ano representar um ganho no consumo da população, há muita cautela e o consumidor não está aceitando os repasses”, avalia Zani. Apesar da força que as exportações, especialmente à China, vêm dando, o mercado interno ainda tem peso significativo, o que implica, de acordo com ele, que o preço do milho, da soja e do farelo de soja chega na porta da indústria pelas cotações internacionais (mais a cotação do dólar aqui), mas o preço de venda é feito domesticamente.
Em relação à questão da produção vis a vis consumo, o CEO do Sindirações mostra que o aumento do alojamento nas granjas e da intensificação da pecuária de corte e leiteira não vem se traduzindo em expansão da produção de rações. “Há 10 anos, projetamos no sindicato que em 2023 deveríamos produzir cerca de 83 milhões de toneladas, mas passaremos pouca coisa dos 70 milhões”, diz, acentuando que este também serão os números de 2023.
A genética das aves, suínos e bovinos melhorou muito, consomem menos (proporcionalmente por cabeça) porque convertem mais alimentos em ganho de peso.
As aves representam 40 milhões de toneladas das vendas das indústrias de rações e a suinocultura em torno de 17 milhões. Na bovinocultura, o grosso do market share é da leiteira, enquanto a de corte representa não mais de 2%.
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