Ivan Sant’Anna: Black Friday
Colunista discorre sobre relação entre notícias e valorização dos índices acionários (Imagem: Inversa)
Não, não estou falando de uma sexta-feira de liquidações no comércio, aquela na qual alguns lojistas, após terem subido seus preços em 100%, os reduzem em 50% para iludir os trouxas.
A ✅Black Friday a qual me refiro é a sexta passada, quando as bolsas de valores de São Paulo e Nova York tomaram os freios entre os dentes e dispararam.
“✅Pera aí, Ivan”, vai reclamar aquele leitor que vive me cobrando coerência. “✅Black não é uma coisa ruim?”
Realmente, ✅Black Tuesday foi a terça-feira de 29 de outubro de 1929, quando aconteceu o grande crash da Bolsa de Valores de Nova York que pôs fim aos Esfuziantes Anos Vinte (✅Roaring Twenties) e deu início à Grande Depressão.
Já ✅Black Monday é o nome pelo qual ficou conhecida a segunda-feira de 19 de outubro de 1987, dia em que o índice Dow Jones perdeu mais de um quinto de seu valor.
Só que resolvi aderir à onda do politicamente correto e usar a palavra Black para acontecimentos positivos. Aliás, tendo sido boêmio em boa parte de minha vida (agora, sou um monge trapista), sempre preferi o negrume da noite do que a claridade ofuscante do dia.
Portanto, a última sexta-feira, 11 de outubro, foi meu dia de deslumbre com o mercado, minha ✅Black Friday particular. Vamos aos fatos.
Na véspera, quinta, dia 10, escrevi um texto de seis páginas para a newsletter ✅Os mercadores da noite publicada anteontem, sábado, na qual falei sobre a desimportância da briga entre o PSL e Jair Bolsonaro.
Quase meia-noite, matéria feita e refeita, lida e relida, fui fechar o arquivo para encaminhá-la ao Eduardo Laguna, da Inversa. Ao fazê-lo, o computador me perguntou:
“Deseja salvar as alterações?”
Pela terceira vez na vida, desde que comecei a trabalhar com PCs, em 1992, respondi “não” por engano. Na primeira, se perdeu para sempre um dos capítulos de ✅Os mercadores da noite, capítulo esse ambientado no Paquistão. Na segunda, saí para rua e comprei dois pacotes de cigarro (parara de fumar havia uns cinco anos) mas acabei não abrindo.
Nesta última, precisei reescrever “✅Partidos sem partidários”, publicado anteontem pela 💥️Inversa. Mudei totalmente o andamento da história. Acho que ficou melhor.
Enchi toda essa linguiça para dizer que fui dormir às três da manhã. Ao acordar, as bolsas de São Paulo e Nova York haviam aberto em violenta alta. Recorri ao Zezinho, meu colega especialista na Inversa, para saber o que acontecera.
“Otimismo nas conversas entre Trump e Liu He”; “Reunião construtiva sobre o Brexit”; “No Brasil, leilões de petróleo arrecadaram R$8,9 bilhões”; “Cada vez mais provável a queda da Selic para 4,5%”, ele resumiu.
Só noticia boa e as Bolsas corresponderam. Quem sabe minha ✅Black Friday não vai se transformar em um ✅Black October? Usando meu novo sentido para a palavra Black.
Com as taxas de juros (reais e absolutas) caindo inexoravelmente, e a economia brasileira começando a se recuperar, é bem possível que o 💥️Ibovespa, que iniciou 2023 na mínima, a 87.535, vá fechar o ano na máxima a cem mil e lá vai fumaça.
Os investidores e especuladores estão ficando sem alternativas a não ser ✅buy on dips, buy on rallies, buy on whatever the market is. Buy now to sell later with a huge profit. Jump on the bandwagon.
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