Derivativos agro não sofrem com outros ativos, mas mercado não está comprado por cautela
Mercado de derivativos está em compasso de espera, tanto quanto à economia quanto às respectivas safras (Imagem: Reuters/Thomas Peter)
As principais commodities agrícolas não estão sofrendo concorrência pesada de outros ativos financeiros, como dólar, ouro e títulos do Tesouro Americano, que são a segurança dos investidores, nos picos de estresses conjuntural, contra a maior volatilidade e risco dos derivativos. Porém, também não estão se beneficiando da relativa calmaria na economia global, já que a cautela domina os movimentos das bolsas de futuros de Chicago (CBOT) e Nova York (ICE Futures).
Os mercados andam de lado, também por falta de apelo em seus fundamentos próprios.
Jack Scoville, analista sênior da Price Futures Group, em conversa com 💥️Money Times, avalia que as disputas comerciais entre Estados Unidos e China ainda não estão perto de um ponto final. A distensão recente, inclusive com a China comprando mais soja dos Estados Unidos, pode dar lugar “do dia para noite” a um novo round de estresse
Então, mesmo que o estágio de agora seja de relativa tranqüilidade, com ajuda dos fundamentos da economia dos Estados Unidos positivos, dólar index comportado e a Bolsa de Nova York mais focada nos balanços corporativos, os fundos estão ponderando o apetite por ativos de maior risco, como os agrícolas. O petróleo também está acomodado dos US$ 60/barril e também não concorre por recursos das agrícolas.
Na avaliação do analista da Price Futures, os grandes fundos ainda estão vendidos em soja, milho e café, com, nota-se, pequenos “movimentos de troca de posições, mas em volumes baixos que não alteram o panorama de preços”. No açúcar também as posições são vendidas, mas segue um padrão de baixa regular há dois anos, sem fundamentos de alta algum, de modo que não há influência de outros ativos.
Ao mesmo tempo, também há cautela com os fundamentos de oferta e demanda dessas commodities. A safra americana de soja e milho está em colheita, e a do Brasil está começando a ser plantada. Scoville lembra que uma menor projeção para o Brasil poderia animar os preços, até mais que a demanda chinesa, e os fundos também se mexeriam na direção das compras.
No café também há muita incerteza quanto à próxima safra. Depois de certa cautela, as chuvas chegaram ao Sul de Minas e a florada vem sendo boa.
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