Rodolfo Amstalden: quando as cortinas se abrem
O histórico recente sugere que os FIIs é uma classe de ativos que só sobe (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)
Ontem foi mais um dia bonanza para o Ibovespa, -0,36%, defendendo os 116 mil pontos.
Por isso, me peguei surpreso com a quantidade de pessoas que, entre ontem à noite e hoje de manhã, vieram me perguntar, quase apavoradas, o que tinha acontecido com a Bolsa na véspera.
E eu pensando: “Uai, tá suave, quedinha de nada, lavô tá novo; de onde vem tamanha preocupação?”.
Então, entendi. Meu raciocínio é lento, mas eventualmente pega carona em deduções razoáveis.
Todas aquelas pessoas estavam noiadas com a queda dos fundos imobiliários.
O Ifix fechou a quarta em -1,74%.
Por si só, nem parece uma baixa tão dramática. Mas lembre-se do que o Kahneman nos ensinou: what you see is all there is.
Milhares dos investidores recém-chegados ao mundo dos FIIs não têm qualquer memória de contextos de estresse.
Ao contrário, o histórico recente sugere que essa é uma classe de ativos que só sobe. Quando as coisas vão mal, sobe pouco. Quando vão bem, sobe muito!
Veja só o que aconteceu com o Ifix nos últimos 12 meses:
Outro viés diz respeito à noção de eventos de cauda, sobretudo quando comparada com a do mercado acionário.
Enquanto para ações é perfeitamente casual cair -1,74%, o Ifix caiu mais de -1% apenas cinco vezes de 2016 para cá.
Eu amo FIIs, sou apaixonado por imóveis, sempre imprimo as edições do Renda Imobiliária para ler nos finais de semana.
Porém, os assinantes do Masterplan e do PRP® são testemunhas vivas de quanto venho chamando atenção sobre a ilusória robustez da categoria.
FIIs são renda variável e são pouco líquidos. Saída de incêndio pequena para um cinema grande. Colchões de liquidez e reservas de emergência não devem ser alocados nessa classe de ativos.
E principalmente: devemos estar preparados caso venha uma proposta de tributação sobre os fundos imobiliários. Pode acontecer, tudo pode acontecer.
Não podemos amar as coisas como se não tivessem defeitos.
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Em uma breve nota paralela, o prospecto bélico no Oriente Médio vai se transformando em mesa de negociações.
Trump trocou o tom de ameaça contra o Irã por uma provocação negocial para sentarem-se ambos à mesa e revisarem sanções, pacto nuclear, etc.
Me fez lembrar de quando li o belíssimo livro “Obliquity”, do John Kay, no qual ele retrata o atual presidente americano como um obstinado dealmaker.
“Eu não gosto de dinheiro, já tenho todo o dinheiro de que preciso faz tempo. Eu gosto simplesmente de negociar, de fazer um bom deal.”
O que você está lendo é [Rodolfo Amstalden: quando as cortinas se abrem].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.
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