Cacique Raoni e Sonia Guajajara articulam reunião no Xingu contra planos de Bolsonaro
A reunião desta semana em uma vila no Parque do Xingu será liderada pelo líder da etnia caiapó Cacique Raoni Metuktire (Imagem: REUTERS/Regis Duvignau)
Líderes indígenas brasileiros começaram nesta terça-feira uma reunião tribal de quatro dias na 💥️Amazônia para planejar a oposição às iniciativas do presidente 💥️Jair Bolsonaro para abrir suas reservas para a mineração comercial e para a agricultura.
As terras indígenas protegidas têm tido cada vez mais invasões de madeireiros e mineradores ilegais desde o início do governo Bolsonaro no ano passado, levando a um aumento no desmatamento, na incidência de queimadas florestais e na ocorrência de conflitos mortais em diversas reservas.
Bolsonaro prometeu integrar os cerca 900 mil indígenas na economia e na sociedade brasileiras enquanto mexe nas ricas reservas minerais e explora o potencial para a agricultura comercial das 462 reservas atuais.
Ambientalistas dizem que as iniciativas irão acelerar a destruição da floresta amazônica, maior floresta tropical do mundo, considerada vital para a desaceleração do aquecimento global.
A reunião desta semana em uma vila no Parque do Xingu será liderada pelo líder da etnia caiapó 💥️Cacique Raoni Metuktire, que se tornou uma referência mundial em campanhas ambientalistas nos anos 1980 ao lado do músico inglês Sting.
Sonia Guajajara é líder da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)
“O ano 2023 já começa com uma grande reunião chamada pelo Cacique Raoni para marcar posição e discutir estratégias para proteger a Amazônia das ameaças, críticas e destruição do governo Bolsonaro”, disse 💥️Sonia Guajajara, líder da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), à Reuters enquanto se dirigia ao Xingu.
Líderes indígenas usando pinturas cerimoniais no corpo e cocares fizeram danças rituais para iniciar a reunião.
De acordo com um esboço visto pelo jornal O Globo, a legislação preparada pelo governo não apenas abriria as reservas à mineração, mas também para à exploração de petróleo e gás, construção de novas represas hidrelétricas e fazendas comerciais com culturas geneticamente modificadas atualmente proibidas por lei em terras indígenas.
Comunidades indígenas seriam consultadas sobre os projetos econômicos, como é estipulado pela Constituição brasileira, mas não teriam o poder de vetar projetos decididos pela atual gestão federal, segundo noticiou O Globo no último sábado.
O governo Bolsonaro, que se recusou a comentar a reportagem, disse que está consultando com líderes tribais que buscam o desenvolvimento econômico mas são ignorados pelos mais conhecidos defensores de direitos de indígenas.
Sonia Guajajara disse que algumas tribos que fazem cultivo de soja podem ser favoráveis à flexibilização de restrições ambientais, mas que a maioria é contrária à abertura de suas terras para a mineração.
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