Consumo de energia deve crescer 4,2% no ano, maior avanço desde 2013, diz CCEE
O Brasil enfrentou entre meados de 2014 e o final de 2016 uma das mais longas e intensas recessões de sua história (Imagem: Unsplash/@manpritkalsi)
O consumo de eletricidade no Brasil deve crescer 4,2% em 2023 na comparação com o ano passado, em meio a uma recuperação mais robusta da economia, o que representaria a maior alta percentual desde 2013, disse à 💥️Reuters o presidente do conselho da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (💥️CCEE), Rui Altieri.
A expectativa mais otimista sobre a demanda por energia, um importante indicador da atividade econômica, vem em meio a projeções de melhor desempenho do Produto Interno Bruto (💥️PIB) neste ano e após números já vistos como positivos em 2023.
O consumo de energia fechou o ano passado com alta de 2,1% frente a 2018, segundo a CCEE, o que já marcou o maior avanço desde 2014, quando houve expansão de 2,28%, de acordo com dados compilados pela Reuters.
“Já é um resultado bastante animador, pela primeira vez nos últimos anos temos crescimento acima de 2%. E o mais importante é que há uma tendência, a partir do segundo semestre (de alta)… o consumo começou realmente a reagir ao longo de 2023”, afirmou Altieri em entrevista por telefone.
O Brasil enfrentou entre meados de 2014 e o final de 2016 uma das mais longas e intensas recessões de sua história, de acordo com o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Nesse período, o consumo de energia apresentou retração de 0,6% em 2015 e cresceu apenas 0,3% em 2016. Em 2017, com o fim da crise, houve expansão de 1,3%, seguida por uma alta de 1,5% em 2018, mostraram dados da CCEE.
Maior produtora global de minério de ferro, a Vale teve suas atividades impactadas pelo rompimento no final de janeiro passado de uma barragem em Brumadinho (Imagem: Reuters/Adriano Machado)
As projeções do órgão do setor elétrico para 2023 levaram em consideração as mais recentes estimativas econômicas, disse Altieri, sem detalhar.
O governo brasileiro elevou nesta terça-feira a previsão de crescimento do PIB para 2,4%, de 2,32% anteriormente.
“Não dá para identificar um único segmento, diversos segmentos estão reagindo paulatinamente. A partir do segundo semestre já notamos uma recuperação”, disse o presidente da CCEE, ao ser questionado sobre o desempenho por setores da economia.
O ano de 2013, último em que o uso de energia cresceu a um ritmo maior que o esperado para este ano, teve expansão de 3% do PIB. Naquela ocasião ainda entrou em vigor um controverso pacote de medidas da então presidente 💥️Dilma Rousseff para reduzir as contas de luz em cerca de 20%.
Livre X regulado
Entre empresas que operam no chamado mercado livre de eletricidade, no qual grandes consumidores podem negociar diretamente o suprimento de energia com geradores e comercializadores, houve retração em 2023 apenas no uso de energia pelas indústrias de extração de minerais metálicos (-8,3%), química (-6%) e metalurgia e produtos de metal (-1,2%).
“O ponto de destaque negativo é o setor de mineração, mas muito em função do problema da Vale”, disse Altieri.
Maior produtora global de minério de ferro, a 💥️Vale (💥️VALE3) teve suas atividades impactadas pelo rompimento no final de janeiro passado de uma barragem em Brumadinho, Minas Gerais, em desastre que deixou mais de 255 mortos e gerou um rastro de destruição na região.
Já as maiores expansões no consumo no mercado livre foram registradas nos segmentos de transporte (Imagem: Antonio Cruz/Agência Brasil)
O rompimento também teve como consequência um aumento nas preocupações com a segurança de barragens, o que levou à suspensão da operação em outros ativos da mineradora.
Já as maiores expansões no consumo no mercado livre foram registradas nos segmentos de transporte (+18,4%), bebidas (+14,5%) e saneamento (+11%).
No mercado livre em geral, houve crescimento de 2,4% no consumo de energia.
Já os clientes tradicionais, atendidos por distribuidoras de energia no chamado mercado regulado, tiveram uso de eletricidade 2% maior, o melhor desempenho desde ao menos 2014, segundo os dados da CCEE.
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