Compulsório menor: os primeiros beneficiados devem ser os próprios bancos
Vantagem: dinheiro disponível barateará o custo de captação dos bancos (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)
Anunciado pelo 💥️Banco Central (BC) na manhã desta quinta-feira (20), o corte dos depósitos compulsórios foi bem recebido pelos analistas. Com potencial para liberar até R$ 135 bilhões, a medida foi justificada pelo BC como um incentivo ao crédito, a fim de estimular a economia.
Mas, para os analistas, os primeiros beneficiados devem ser os próprios bancos.
Isto porque, segundo os primeiros relatórios que abordam o assunto, a disponibilidade de dinheiro para emprestar (conhecida como liquidez) ainda é suficiente para atender a atual demanda dos consumidores.
Mas, como toda mercadoria, o dinheiro segue a lei da oferta e da demanda. Se a economia voltar a crescer de modo consistente, mais gente pedirá crédito.
Como a matéria-prima dos bancos é o dinheiro que captam de investidores, um eventual aumento da demanda de crédito geraria um efeito-cascata: os bancos buscariam mais dinheiro no mercado para transformar em crédito – e o preço que pagariam por ele subiria.
Logo, com o desbloqueio do dinheiro que já está depositado em seus cofres, os bancos não precisarão recorrer a outras fontes, se a demanda por empréstimos crescer. Logo, não haverá pressão sobre o “preço” do dinheiro no mercado.
“Enquanto a liquidez não tem sido um obstáculo para os empréstimos, isso [o corte do compulsório] mitigará uma potencial pressão dos custos de funding, à medida que o crédito crescer”, explica o 💥️Credit Suisse, em um breve comentário assinado por Marcelo Telles.
Ceticismo
A 💥️Guide Investimentos vai pela mesma linha. A equipe da gestora afirma que a decisão do BC aumenta “a disponibilidade de caixa para que os bancos possam exercer suas atividades. Sendo assim, é esperado que as instituições desse setor possam elevar seus níveis de atividades”.
Banco do Brasil: instituição lidera queda do setor na bolsa (Imagem: Banco do Brasil/Facebook)
A 💥️Ágora Investimentos é ainda mais cética, quanto aos efeitos da medida, já que ela “não deve resultar em nenhum ganho material de curto prazo para os bancos, pois a liquidez do sistema é alta e saudável”.
Victor Schabbel e Maria Clara Negrão, que assinam o relatório da Ágora, observam que a redução dos compulsórios é “estruturalmente positiva para os bancos, pois diminui os custos para operar no país”.
Mas a dupla adverte: “isso não altera nossa visão cautelosa sobre o setor [bancário], pois vemos a concorrência se intensificando e as taxas cair”.
Os investidores parecem concordar com eles. Por volta das 14h10, o 💥️Santander 💥️(SANB11) era o único que operava em alta na 💥️B3, com valorização de 0,44% e preço de R$ 41,43. O 💥️Banco do Brasil 💥️(BBAS3), 💥️Bradesco 💥️(BBDC4) e 💥️Itaú Unibanco 💥️(ITUB4) recuavam, respectivamente, 1,49%, 0,68% e 0,21%.
No mesmo instante, o 💥️Ibovespa caía 1,56% e marcava 114.698 pontos.
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