MP exime diretoria do BC de responsabilização por atos durante crise do coronavírus

Roberto Campos Neto

Campos Neto disse que os membros da diretoria do BC devem ter serenidade para tomar medidas apropriadas (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Com a autonomia do 💥️Banco Central parada no 💥️Congresso, o governo editou Medida Provisória (💥️MP) nesta terça-feira para eximir a diretoria e os servidores da autarquia de responsabilização por atos praticados durante a crise do 💥️coronavírus.

Na MP assinada pelo presidente 💥️Jair Bolsonaro, o governo afirma que a regra valerá “enquanto perdurarem os efeitos das ações, linhas de assistência e programas adotados pelo 💥️Banco Central do Brasil em resposta à crise decorrente da pandemia do Covid-19 e não afasta a responsabilidade criminal”.

O texto estabelece ainda que eventual responsabilização por respectivos órgãos correcionais ou disciplinares continua valendo normalmente.

Em exposição de motivos, o presidente do BC, 💥️Roberto Campos Neto, afirmou ser necessário que os membros da diretoria colegiada e servidores “possam dispor de serenidade para adotar medidas tecnicamente apropriadas às diferentes conjunturas, em especial em cenários de crise, que demandam atuações firmes e tempestivas”.

Ele disse que ainda correm no Judiciário ações buscando a responsabilização de dirigentes do BC por medidas adotadas na década de 1990 tomadas para estabilização monetária, saneamento do Sistema Financeiro Nacional e controle do mercado de câmbio.

“Para evitar essas distorções e garantir a atuação autônoma e técnica do BCB, é preciso que seus dirigentes e servidores contem com proteção legal adequada, ficando sujeitos a responsabilização apenas se agirem fora dos contornos legais, isto é, com dolo ou fraude”, acrescentou.

O relatório do projeto de autonomia do BC que tramita na 💥️Câmara, de autoria do deputado Celso Maldaner (MDB-SC), já previa que, ressalvadas as hipóteses de dolo ou fraude, os integrantes da diretoria colegiada e servidores do BC não seriam passíveis de responsabilização por atos praticados no exercício de suas atribuições.

Sede do Banco Central em Brasília

A PEC já previa que os integrantes da diretoria colegiada e servidores do BC não seriam passíveis de responsabilização por atos praticados no exercício de suas atribuições (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

A crise com o coronavírus, contudo, mudou a dinâmica dos trabalhos no Congresso, reordenou prioridades e deixou o texto em compasso de espera. No início do ano, tanto Campos Neto quanto o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), haviam indicado a expectativa de votação da proposta ainda no primeiro trimestre.

Medidas adicionais

Na mesma MP publicada nesta terça-feira, o governo mudou a tributação de investimentos de bancos no exterior, buscando eliminar distorções ligadas a operações de overhedge pelas instituições financeiras, num momento de preocupação do BC com a volatilidade no mercado de câmbio por conta do coronavírus.

O texto também trouxe uma mudança regulatória para os arranjos de pagamento para garantir que o dinheiro entregue pelo portador do cartão de crédito com a finalidade de honrar seus pagamentos continue chegando aos lojistas.

Em outra frente, a MP autoriza o Conselho Monetário Nacional (CMN) a dispor sobre a emissão de letras financeiras com prazo de vencimento inferior ao mínimo hoje previsto na legislação, no âmbito de operações de redesconto e empréstimo realizadas com o BC, dando sequência à medida anunciada pela autoridade monetária na semana passada.

De acordo com Campos Neto, isso é necessário pelo fato de o prazo máximo para as operações de redesconto e empréstimo realizadas pela autarquia ser de 359 dias & inferior ao prazo mínimo de vencimento da letra financeira, que é de um ano.

“A referida alteração legal mostra-se urgente para que se possa utilizar o referido instrumento para prover liquidez ao mercado em níveis adequados, frente à pandemia em curso”, escreveu ele, na exposição de motivos.

O BC já havia informado que preparava arcabouço para poder fazer empréstimos de vulto a instituições financeiras tomando letras financeiras como garantia, numa medida com potencial de liberar 670 bilhões de reais na economia.

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