Por que as vendas da MRV surpreendem o BTG Pactual e preocupam o Credit Suisse
Fatos e versões: o salto nas vendas da MRV é interpretado de maneiras distintas entre os analistas (Imagem: Gustavo Kahil/ Money Times)
Os primeiros relatórios sobre os resultados operacionais da 💥️MRV 💥️(MRV3), referentes ao primeiro semestre, mostram um misto de surpresa e preocupação com o forte aumento das vendas.
As vendas líquidas somaram R$ 1,67 bilhão, 💥️o que significa um aumento de 28% sobre o mesmo período do ano passado.
Segundo Gustavo Cambauva e Elvis Credendio, que assinam a análise do 💥️BTG Pactual 💥️(BPAC11), o desempenho é ainda mais expressivo, quando se lembra que a MRV reduziu o número de lançamentos, a fim de dar vazão aos empreendimentos lançados no último trimestre de 2023, e o coronavírus levou ao fechamento dos estandes de venda em março.
Com clientes arredios, seria possível supor que as vendas foram impulsionadas por descontos e promoções, mas outro banco, o 💥️Credit Suisse, acrescenta que esse não foi o principal fator para o bom desempenho da MRV no começo do ano, já que os preços médios de venda continuam em linha com o fim do ano passado.
Novo critério
Luis Stacchini, Eduardo Costa e Vanessa Quiroga, responsáveis pelo relatório do Credit Suisse, apontam outra causa para o salto nas vendas: a mudança no critério da construtora para contabilizar os contratos.
Neste trimestre, a MRV decidiu contabilizar, como venda, os contratos de compra assinados com seus clientes. Antes, para ser considerado no balanço, o negócio deveria estar numa fase mais adiantada – a da assinatura do contrato de financiamento com o banco (chamada de “venda garantida”).
Para o trio de analistas do Credit Suisse, a nova metodologia “permitiria, à companhia, contabilizar algumas vendas ainda dependentes da transferência de recebíveis de trimestres anteriores, quando a metodologia de venda garantida estava em vigor”.
Problemas: programa federal não repassou recursos até março (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)
Por isso, o Credit Suisse é mais cauteloso, ao saudar os resultados da empresa. “As vendas superaram as expectativas, mas, após vários trimestres de desempenho negativo de vendas, preferimos esperar por sinais mais consistentes de melhora, antes de sermos mais otimistas”, acrescenta.
Caixa menor
Outro fator que preocupa os analistas é a queima de caixa da MRV durante o primeiro trimestre. A companhia consumiu R$ 184 milhões, basicamente, devido à dificuldade de transferir os contratos para os bancos. O motivo era a interrupção da distribuição de recursos do programa Minha Casa, Minha Vida, pelo governo federal.
A situação foi normalizada em março, segundo o BTG Pactual.
Mais cético, o Credit Suisse manteve o preço-alvo de R$ 17,50 para as ações da MRV, com recomendação de underperform (desempenho esperado abaixo da média do mercado) e potencial de alta de 30% sobre a cotação usada como referência no relatório (R$13,44).
Já o BTG Pactual mantém o otimismo, com recomendação de compra dos papéis e preço-alvo de R$ 23.
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