Pesquisa faz subnotificação da Covid-19 no Rio de Janeiro
O pesquisador Fernando Sanches, do Departamento de Segurança e Saúde do Trabalhador da Uerj, explica que o preenchimento é voluntário e vai contribuir para a análise nacional sobre a pandemia (Imagem: REUTERS/Fernando Soutello)
Uma pesquisa coordenada pela Comissão RJ Ciência no Combate à 💥️covid-19 está mapeando os casos não notificados da doença no estado do 💥️Rio de Janeiro.
Os dados são colhidos por meio de um formulário✅ 💥️on-line, disponível para toda a população preencher.
O trabalho é coordenado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, em parceria com a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro e conta com a participação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A subsecretária de Ensino Superior, Pesquisa e Inovação, Maria Isabel de Castro Souza, que também é professora da Uerj, explica que a ferramenta vai gerar dados geoposicionados da população, o que permitirá cruzar as informações entre o percentual de casos notificados e subnotificados da Covid-19.
“O questionário visa demonstrar o que não está aparecendo nos registros oficiais. Vários trabalhos realizados até o momento indicam que existe um percentual da população que não está sendo testado, pessoas expostas de várias formas à doença e que se apresentam assintomáticas, muitas das vezes em ambientes contaminados”.
Após a análise dos dados obtidos, Maria Isabel destaca que será possível implementar ações efetivas no combate à pandemia, como a criação de novos leitos para internação de acordo com os locais com mais casos subnotificados e reforçar a necessidade de isolamento em comunidades mais afetadas.
O pesquisador Fernando Sanches, do Departamento de Segurança e Saúde do Trabalhador da Uerj, explica que o preenchimento é voluntário e vai contribuir para a análise nacional sobre a pandemia.
“Os grupos de pesquisa pegam esse dado e fazem um cruzamento com os dados oficiais. Com isso, o estado vai conseguir ver mesmo aqueles que ainda não foram notificados, ou por falta de teste ou por demanda muito grande dos laboratórios. Tem pessoal o suficiente para fazer a análise dos testes? Pode estar demorando pra sair o resultado. Quando você disponibiliza o formulário para a população ajudar nesse monitoramento, facilita e mais pra frente vamos ter a avaliação desse impacto”.
Ele cita também o formulário do 💥️Conselho Federal de Enfermagem, para monitorar a situação da doença entre os trabalhadores da área, que deve ser preenchido apenas por enfermeiros.
Os dados coletados estão disponíveis no ✅site 💥️Observatório da Enfermagem. Pela atualização feita na manhã de hoje (18), já são 14.987 casos confirmados e 116 óbitos de enfermeiros em todo o Brasil por covid-19.
Estimativa de curva e subnotificação
As estimativas de 💥️subnotificação de casos de covid-19 apontam que o Brasil pode ter até 16 vezes mais casos do que mostra a estatística oficial. Portanto, se no último balanço do Ministério da Saúde, divulgado na noite de ontem (17), o país registrava 241.080 pessoas com covid-19, o número real de infectados pelo novo coronavírus no Brasil pode chegar a 3,6 milhão.
O acompanhamento está sendo feito por um grupo de pesquisadores de várias instituições do país, como Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Brasília (UnB), Uerj, UFRJ, Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal da Bahia e Fiocruz, entre outras. As análises estão disponíveis no ✅site Covid-19 Brasil.
Fernando Sanches é um dos participantes do grupo. Ele explica que a estimativa de casos totais é feita com base em dados oficiais sobre a doença no Brasil e em outros países, como a Coreia do Sul e a Espanha, e leva em conta a taxa de testagem para o novo coronavírus. Segundo ele, no cenário mundial, o Brasil ainda precisa aumentar muito o número de testes diagnósticos.
O pesquisador destaca que outro indicativo da subnotificação é que a letalidade típica da covid-19, com base nos dados da Coreia do Sul, país que tem conseguido fazer testes em massa (Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)
“O Brasil hoje está na faixa de 3.500 testes por milhão de habitantes e tem 244 mil casos notificados. A Espanha está da ordem de 65 mil testes por milhão e tem notificado hoje 277 mil casos. Então, nessa proporção de testes, você consegue ver que há uma diferença muito grande em termos de notificação. A Espanha está testando 20 vezes mais que o Brasil e tem praticamente o mesmo número de casos”.
Os dados que Sanches cita são do ✅site 💥️Wordometer, feito por um grupo internacional de pesquisadores e voluntários para reunir informações da pandemia. De acordo com este ✅site, a Espanha está em terceiro lugar em número de casos de covid-19, atrás de Estados Unidos e Rússia. Em quarto lugar aparece o Rei no Unido e o Brasil vem em quinto lugar.
O pesquisador destaca que outro indicativo da subnotificação é que a letalidade típica da covid-19, com base nos dados da Coreia do Sul, país que tem conseguido fazer testes em massa, com 14 mil por milhão, é de 1,11%, já corrigido para as faixas etárias da população brasileira.
No Brasil, a letalidade registrada oficialmente está em 6,7%.
Pela estimativa do grupo de pesquisadores do ✅site Covid-19 Brasil, seguindo a tendência preditiva dos casos confirmados oficialmente, na próxima segunda-feira o país vai alcançar os 💥️400 mil casos da doença, com 26,6 mil óbitos.
Sanches explica que esses dados são calculados de acordo com as medidas adotadas atualmente de isolamento social, capacidade da rede de saúde e testagem da população, bem como o avanço da doença já registrado no Brasil.
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