Produtor de grãos do Brasil travará menos vendas após queda do dólar, diz Itaú BBA
Segundo dados do Itaú BBA, os produtores brasileiros tinham vendido cerca de 30% da soja da nova safra até o final de maio (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)
Após venderem antecipadamente 💥️soja, 💥️milho e 💥️café como nunca, embalados nos patamares recordes do dólar frente ao real, produtores do Brasil deverão limitar seus negócios, agora que a moeda norte-americana perdeu quase 15% de seu valor na comparação com as máximas do ano, avaliaram especialistas do 💥️Itaú BBA nesta quinta-feira.
“Teve um nível recorde de fixação. O produtor fixou o produto e o câmbio, aproveitou bem do momento. Se ele estiver bem travado, ele vai travar menos”, disse o diretor de Agronegócio do Itaú BBA, Pedro Fernandes, ao comentar o nível de vendas de soja em 💥️Mato Grosso, onde ele observou que os negócios estão bastante avançados.
O 💥️dólar atingiu uma máxima de fechamento de 5,9012 reais em 13 de maio, e era negociado na venda a cerca de 5,10 reais, mas ainda assim registrava ganhos de mais de 25% no acumulado do ano. Em junho, até quarta-feira, a queda foi de 4,76%.
Com a queda do dólar, “há uma diminuída do ritmo de fixação, porque fizeram muito bem a lição de casa…”, disse Fernandes, lembrando que o produtor aproveitou bem os patamares mais elevados da moeda norte-americana para travar preços.
Segundo dados do Itaú BBA, os produtores brasileiros tinham vendido cerca de 30% da soja da nova safra até o final de maio, três vezes mais ante anos anteriores.
Pelos últimos dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), divulgados em 11 de maio, as vendas de soja da nova safra (2020/21) em Mato Grosso, maior produtor de grãos do Brasil, tinham atingido 37,25% até o final de abril, um nível recorde & os negócios de milho também nunca estiveram tão adiantados.
Para o gerente de Consultoria Agro do Itaú BBA, Guilherme Bellotti, a relação de troca piorou um pouco, com o recuo do dólar, mas ainda assim é vantajosa para o produtor.
“É um momento em que todos os elos da cadeia devem olhar para a gestão de riscos com muito bons olhos”, afirmou ele, em referência à melhor forma de se enfrentar a volatilidade.
Bellotti comentou ainda que os preços dos fertilizantes, como cloreto de potássio e fosfatados, caíram em dólar, enquanto os valores dos defensivos estão “acomodados”, o que sinaliza uma boa safra futura para os agricultores, considerando os preços das commodities em reais.
Para o consultor César de Castro Alves, também do Itaú BBA, os produtores de café, de maneira geral, estão protegidos (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)
Café
No caso do 💥️café, produtores também estão com vendas bastante antecipadas por influência do câmbio. No caso da Cooxupé, maior cooperativa de cafeicultores do Brasil, 60% dos embarques programados para o ano já estão com preços travados, nível jamais visto nesta época.
Para o consultor César de Castro Alves, também do Itaú BBA, os produtores de café, de maneira geral, estão protegidos, principalmente aquele que vendeu o produto a cerca de 600 reais a saca de 60 kg, patamar bastante elevado ante os cerca de 500 reais atualmente.
“Ele está absolutamente protegido… O produtor que usou o mercado em dois ralis fortíssimos…”, disse Alves, ressaltando que até o momento tudo caminha para uma safra volumosa e com qualidade no Brasil, diferentemente de 2023, quando chuvas atrapalharam e o ano era de baixa bianualidade.
Problemas de qualidade fizeram o cafeicultor receber 100 reais por saca a menos no ano passado, observou o consultor.
Alves disse ainda que avalia que os números do 💥️Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), de 68 milhões de sacas para a safra do Brasil, “façam mais sentido”. Os números oficiais do governo brasileiro apontam uma safra em torno de 60 milhões.
Se confirmados os números do USDA, a safra superaria a temporada anterior, abaixo de 60 milhões de sacas, e a de 2018/19, quando o país colheu 65 milhões de sacas, segundo departamento norte-americano.
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