B3 começa junho com fluxo estrangeiro positivo, mas sem razão para otimismo

Mercados Ibovespa

Até o último dia 9, as compras por estrangeiros no mercado secundário de ações do país superavam as vendas em 3,4 bilhões de reais no acumulado do mês (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

A bolsa paulista mostra fluxo positivo de capital externo nos primeiros pregões de junho, com a ampla liquidez nos mercados globais prevalecendo sobre diversas incertezas que existem no 💥️Brasil em relação aos cenário político e econômico e aos desdobramentos da pandemia do novo 💥️coronavírus.

Até o último dia 9, as compras por estrangeiros no mercado secundário de ações do país superavam as vendas em 3,4 bilhões de reais no acumulado do mês, em dados da 💥️B3 (💥️B3SA3) que excluem as ofertas de ações. No ano, contudo, esse saldo ainda está negativo em mais de 70 bilhões de reais. A última vez que o saldo ficou positivo em um mês cheio foi em setembro de 2023.

De acordo com Daniel Motta, diretor da área de negociação das Mesas de Renda Fixa e Renda Variável do 💥️Goldman Sachs Brasil, há várias razões que estimulam essas alocações recentes, começando com a grande injeção de liquidez nos mercados e na economia real feita pelos bancos centrais do mundo todo.

Além disso, acrescentou, o comprometimento desses mesmos BCs em manter os juros baixos por um longo período de tempo gera uma demanda maior por ações.

“A combinação desses estímulos fiscais e monetários com a reabertura das economias após o período de quarentena acaba impulsionando uma recuperação rápida dos ativos globais, incluindo os de países emergentes”, afirmou Motta.

Governos e BCs de todo o mundo liberaram quantidades sem precedentes de apoio fiscal e monetário para economias que estão sofrendo com a pandemia de Covid-19. Veja aqui o que já foi feito em resposta ao novo coronavírus:

No caso do Brasil, após desabar quase 30% em março, o 💥️Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, acumulou altas de mais de 10% em abril e de 8,5% em maio, e contabiliza uma elevação de cerca de 6% neste mês até o último dia 12.

O Bank of America, que havia cortado em abril sua projeção para o Ibovespa no final do ano a 76 mil pontos, agora espera 100 mil pontos, acrescentando que, “em um salto de fé”, investidores estão dispostos a abstrair a deterioração econômica deste ano e se concentrar nas estimativas para lucros em 2023.

Em relatório na semana passada, David Beker, chefe de economia e estratégia do Bank of America para o Brasil, e equipe ressaltaram que, com a ajuda de estímulos fiscais e monetários, investidores podem olhar para além dos múltiplos elevados & em comparação com os padrões históricos.

“Esse é o caso especialmente do Brasil, onde as ações foram ‘re-rated’ significativamente até 2023”, afirmou a equipe do BofA.

Motta observou que, no Brasil, os juros baixos e a moeda desvalorizada & a qual, apesar de refletir um prêmio de risco maior, também deixa as ações brasileiras mais baratas em dólar& acabam aumentando o interesse por ações das diversas classes de investidores, incluindo os estrangeiros.

No caso do Ibovespa, enquanto a queda acumulada em reais fica ao redor de 20% no ano, o declínio em dólares cresce para cerca de 36%.

“O apetite desses últimos (os estrangeiros), entretanto, ainda está concentrado em ações cíclicas e de alta liquidez, mais fáceis de serem vendidas em caso de uma piora no cenário”, ponderou o diretor do 💥️Goldman Sachs.

A equipe da Verde Asset comandada pelo gestor Luis Stuhlberger ressaltou em relatório recente que o otimismo com a reabertura de economias desenvolvidas tem dado o tom dos mercados, em grande parte pela ausência, até aqui, de sinais de uma segunda onda nos países que reabriram primeiro.

A situação no Brasil, contudo, é mais complexa do que em outras nações desenvolvidas, pondera a equipe da Verde, argumentando que ainda não se observou sequer o pico dos números de novos casos. Ainda assim, avaliou que parece haver inflexão nas taxas de crescimento em determinados lugares.

“Mas ainda é muito cedo para otimismo”, acrescentou, citando também uma “boa dose” de volatilidade política.

Na visão do pesquisador sênior do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais (CSIS), em Washington, Thiago Aragão, a instabilidade política no país só aumenta a cada semana, sendo o evento mais recente o anúncio da💥️ saída do secretário do Tesouro Nacional, 💥️Mansueto Almeida.

“A precificação do risco político é uma variável muito mais importante para o investidor estrangeiro do que para o investidor brasileiro, que já normalizou o risco político”, afirmou, acrescentando que o risco político precisa ser extremo para gerar alguma mudança no comportamento do investidor local.

Para o estrangeiro, explicou, essa variável precisa simplesmente indicar um futuro nebuloso, que sinalize que o governo tenha, por exemplo, que gastar mais tempo em tentativas de manter sua existência do que em esforços para viabilizar cenário favorável ao investimento no Brasil e assegurar que o país seja porto seguro para tal.

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