População ribeirinha no Pará evita medicamentos para Covid-19 e aposta no Jambú
Maria de Nazaré Sajes, de 65 anos, testou positivo para o coronavírus e acredita ter vencido os sintomas com a ajuda de uma infusão feita com folhas amargas (Imagem: Reuters)
Habitantes de vilas na 💥️Amazônia estão desdenhando de orientações do governo para tomar a 💥️hidroxicloroquina, utilizada no tratamento da malária, no combate ao 💥️coronavírus, e ao invés disso estão tomando um chá de Jambú, uma planta típica da região, conhecida por causar dormência na língua e utilizada para tratar dores de dente.
Maria de Nazaré Sajes, de 65 anos, testou positivo para o coronavírus e acredita ter vencido os sintomas com a ajuda de uma infusão feita com folhas amargas.
“Eu fiz, bebi e senti aquela saúde, como estou sentindo. O pessoal dizia ‘Menina, olha a Dona Maria, ela está melhor, melhorou, não tem febre, não dói…'”, disse enquanto fervia água em um fogão a gás em sua casa de madeira.
Sua vila, que fica às margens de um afluente do Rio Amazonas, foi visitada por funcionários da área de 💥️Saúde Pública que testaram os moradores para o vírus que assola o 💥️Brasil, que atualmente apresenta o segundo pior cenário da pandemia, atrás apenas dos 💥️Estados Unidos.
Reguladores dos Estados Unidos retiraram a aprovação para o uso emergencial da hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19 nesta semana.
O medicamento ainda é receitado no Brasil enquanto cientistas no mundo todo estão trabalhando para desenvolver uma vacina e tratamentos eficientes.
Em áreas remotas da Amazônia, onde o acesso às unidades de tratamento intensivo depende de longas jornadas de barco para cidades com mais estrutura, a prevenção é crucial.
E, nesse contexto, muitas pessoas acreditam em remédios naturais tradicionais da floresta.
A enfermeira Marília Costa diz que há uma resistência ao tratamento com a hidroxicloroquina.
“Durante os nossos atendimentos, a gente percebeu que a maioria dos ribeirinhos estão tomando remédios caseiros por confiar que têm poder de ação muito grande”, disse. “Eles confiam bem mais no medicamento natural.
Eles aceitam antitérmicos para a febre, porém usam concomitantemente a remédios caseiros”, disse
As folhas de Jambú são utilizadas em pratos locais como o molho de Tucupi e o Tacacá, mas a planta também é conhecida como um anestésico que ajuda a aliviar a dor, além de ter outras propriedades para combater vírus e de seu uso como laxante ou afrodisíaco.
“Eu tenho medo de ir ao hospital, porque lá a gente não vai ter a chance que tem no interior, de procurar recursos da natureza”, disse uma jovem chamada Maria Cláudia. “No hospital, a gente não vai poder tomar um chá caseiro.”
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